O perigo da banalização
e o entrave da participação real
Em
recente ação originariamente criada por cidadão comum, que em pouco tempo
conseguiu espalhar pela internet uma
petição eletrônica pugnando pela renuncia de Calheiros, o fato deve ser de muita
comemoração e esperanças em que o brasileiro pode verdadeiramente assumir a
condição de protagonista na sua cidadania.
A
petição ganha ‘status’ respeitável no alto de suas mais de 1,5 milhões de
pessoas que a subscreveram, mas a participação da ampla maioria acaba ali.
Entretanto,
nos atos subseqüentes, quando foram mobilizados em todo o Brasil (e no
exterior) os brasileiros não compareceram com o volume obtido no campo virtual,
mesmo assim, a articulação nacional empregada
e as manifestações detectadas em vários pontos do país, dão conta de que não basta apenas reclamar, é necessário
assumir as responsabilidades de cidadão.
Hoje
há petições virtuais para todos os gostos, começando uma perigosa cultura
sedentária e cômoda, sobretudo na juventude, não se pode banalizar para que
esses mecanismos não caiam em desuso e sem efetivamente alcançar a sua
finalidade. É preciso combater o individualismo incutido ao longo do tempo na
sociedade brasileira, em formando um povo dócil, criado para afastar
mobilizações e atitudes que possam transformar uma realidade.
As
transformações sociais e políticas passam pela participação real, onde as
pessoas, de forma física, completam o exercício na cidadania, esta deve ser a
finalidade.
A
internet deve ser instrumento, e entidades ligadas ao combate a corrupção precisam
urgentemente criar condições para que os milhares de internautas dos quais
assinam petições on line, por exemplo, interajam em fóruns, recebendo notícias
e convites em suas caixas de e mails, provocando o debate a consequentemente a
participação. A OnG que é responsável pelo site de petições on line, por
exemplo, poderia participar, gerenciando os milhões de endereços das pessoas
que peticionam virtualmente e alimentando este sistema.
Logo,
começamos instigando a participação real, talvez não em mobilizações de atos
contra alguém ou algo, podemos ir além, o processo de transformação pode começar
na simplicidade de dialogar o papel da cidadania e a importância da
participação física, assim, novamente, sem depender de instituições, organismos
(que podem ser articuladores do processo mas não donos dele) e a população, começaremos uma revolução cultural e de postura.
A
cidadania virtual é instrumento, dá uma dinâmica incrível para determinadas
ações em rede, mas ela só é meio, será na cidadania real que teremos condições
de assumirmos a condução na mudança de realidade.
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