Meu compromisso é com Santa Catarina

Meu compromisso é com Santa Catarina

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

UM NOVO TEMPO SE INICIA

"O presente está cheio do passado e cheíssimo do futuro".
Leibnitz

Não se pode perder a esperança de construir um país que crie condições aos atores da educação, que qualifiquemos e também valorizemos cada profissional que constrói o futuro de milhões de brasileiros. Tão pouco, devemos afastar nossa perseverança em melhorar o emprego para os jovens, renovando os apelos à união de esforços.

Através da união dos esforços de todos nós havemos de construir um Brasil que transforme-se, revolucionando culturalmente a nação e execrando corruptos e corruptores. Que abomine qualquer forma de preconceito, e que o respeito as diferenças seja não uma imposição legal, mas sim, uma convicção moral e residida de que todos somos, irmãos e irmãs desta Pátria.

Que a mão que se levanta, seja para dar o afago a quem precisa, e não desfigurar rostos, perpetuar dores, manchar purezas ou findar sonhos...

Que possamos enfrentar todas as formas de dependências nocivas em nossos lares, a aqueles que estão abandonados, órfãos de qualquer forma de ajuda e apoio. Mas que também, sejamos fortes para realizarmos as ações necessárias para banirmos a praga das drogas.

Renovar a esperança de que podemos mudar e construir daqui para frente um país vanguardista, que puna ao ostracismo políticos que como vermes secam nossas forças, que seja implacável com membros das Côrtes de Justiça que são vis mensageiros dos interesses que solapam a Nação, e que a Justiça seja erguida verdadeiramente como o símbolo contra toda a forma de afronta a nossa Constituição Federal.

Sejamos felizes, por ser feliz não é estar permanentemente em estado de alegria. É estar disponível para a vida, sabendo saborear os momentos bons e atravessar, com humildade e o mais rápido que for possível, os momentos ruins.

A lamentação pelos infortúnios que nos visitaram no ano que passou é uma forma de empacar no caminho. As oportunidades que perdemos, já se foram. Os erros que cometemos estão mortos. Os objetivos não alcançados desapareceram. As pessoas que amamos e se foram, já residem em nossas lembranças, nossos corações. Agora é hora de nascer. Começar 2012 e transformarmos o Ano Velho em Mestre, aprendendo com ele. Deixar a perspectiva de o futuro inundar nossa vida.

Recomeçar é preciso..
Se foi um erro, se foi um desvio, se foi uma perda,ou uma decepção..esqueçamos..recomeçar é preciso..esqueçamos o que se passou, esqueçamos tudo que nos envolva a lembrar,esqueçamos os passos pisados,os sentimentos magoados,apenas esqueçamos..

Pois o prelúdio do novo tempo se anuncia, e que apesar dos castigos, de toda fadiga, de toda injustiça, estamos na briga, estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas.

Renovar no desejo de caminhar sempre, apesar das quedas e dos tropeços e construirmos a realidade que desejamos. Hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas. Hoje é o dia. O que passou, passou. E o que vem ainda não chegou.

Viva 2012 viva o Brasil!

Alisson Luiz Micoski

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Mobilidade versus carrocentrismo



RICARDO ABRAMOVAY*

Ampliar espaços de circulação para automóveis individuais é enxugar gelo, como já bem perceberam os responsáveis pelas mais dinâmicas cidadesAutomóveis individuais e combustíveis fósseis são as marcas mais emblemáticas da cultura, da sociedade e da economia do século 20.

A conquista da mobilidade é um ganho extraordinário, e sua influência exprime-se no próprio desenho das cidades. Entre 1950 e 1960, nada menos que 20 milhões de pessoas passaram a viver nos subúrbios norte-americanos, movendo-se diariamente para o trabalho em carros particulares. Há hoje mais de 1 bilhão de veículos motorizados. Seiscentos milhões são automóveis.

A produção global é de 70 milhões de unidades anuais e tende a crescer. Uma grande empresa petrolífera afirma em suas peças publicitárias: precisamos nos preparar, em 2020, para um mundo com mais de 2 bilhões de veículos.

O realismo dessa previsão não a faz menos sinistra. O automóvel particular, ícone da mobilidade durante dois terços do século 20, tornou-se hoje o seu avesso.

O desenvolvimento sustentável exige uma ação firme para evitar o horizonte sombrio do trânsito paralisado por três razões básicas.
Em primeiro lugar, o automóvel individual com base no motor a combustão interna é de uma ineficiência impressionante. Ele pesa 20 vezes a carga que transporta, ocupa um espaço imenso e seu motor desperdiça entre 65% e 80% da energia que consome.

É a unidade entre duas eras em extinção: a do petróleo e a do ferro. Pior: a inovação que domina o setor até hoje consiste muito mais em aumentar a potência, a velocidade e o peso dos carros do que em reduzir seu consumo de combustíveis.

Em 1990, um automóvel fazia de zero a cem quilômetros em 14,5 segundos, em média. Hoje, leva nove segundos; em alguns casos, quatro.

O consumo só diminuiu ali onde os governos impuseram metas nesta direção: na Europa e no Japão.

Foi preciso esperar a crise de 2008 para que essas metas, pela primeira vez, chegassem aos EUA. Deborah Gordon e Daniel Sperling, em "Two Billion Cars" (Oxford University Press), mostram que se trata de um dos menos inovadores segmentos da indústria contemporânea: inova no que não interessa (velocidade, potência e peso) e resiste ao que é necessário (economia de combustíveis e de materiais).

Em segundo lugar, o planejamento urbano acaba sendo norteado pela monocultura carrocentrista. Ampliar os espaços de circulação dos automóveis individuais é enxugar gelo, como já perceberam os responsáveis pelas mais dinâmicas cidades contemporâneas.
A consequência é que qualquer estratégia de crescimento econômico apoiada na instalação de mais e mais fábricas de automóveis e na expectativa de que se abram avenidas tentando dar-lhes fluidez é incompatível com cidades humanizadas e com uma economia sustentável. É acelerar em direção ao uso privado do espaço público, rumo certo, talvez, para o crescimento, mas não para o bem-estar.

Não se trata -terceiro ponto- de suprimir o automóvel individual, e sim de estimular a massificação de seu uso partilhado. Oferecer de maneira ágil e barata carros para quem não quer ter carro já é um negócio próspero em diversos países desenvolvidos, e os meios da economia da informação em rede permitem que este seja um caminho para dissociar a mobilidade da propriedade de um veículo individual.

Eficiência no uso de materiais e de energia, oferta real de alternativas de locomoção e estímulo ao uso partilhado do que até aqui foi estritamente individual são os caminhos para sustentabilidade nos transportes. A distância com relação às prioridades dos setores público e privado no Brasil não poderia ser maior.

RICARDO ABRAMOVAY é professor titular do Departamento de Economia da FEA, do Instituto de Relações Internacionais da USP e pesquisador do CNPq e da Fapesp.


Site: www.abramovay.pro.br

domingo, 20 de novembro de 2011

A FORÇA DE UMA RAÇA



- O BRASIL NEGRO – A POLÍTICA DE SANTA CATARINA COM UMA ‘NOVA CARA’

Desde de 2003, comemoramos oficialmente o Dia Nacional da Consciência Negra, um dia de comemorações e uma importante reflexão, sobre a luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional.

A sociedade se envolvendo nos avanços da democracia, das liberdades e de uma importante mudança cultura, enfim, esta data colabora para o resgate da contribuição dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.

A escolha dessa data não foi por acaso: em 20 de novembro de 1695, Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares- foi morto em uma emboscada na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco, após liderar uma resistência que culminou com o início da destruição do quilombo Palmares. Apesar das várias dúvidas levantadas quanto ao caráter de Zumbi nos últimos anos (comprovou-se, por exemplo, que ele mantinha escravos particulares) o Dia da Consciência Negra procura ser uma data para lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte forçado de africanos para o solo brasileiro (1534).

O dia é celebrado desde a década de 1970, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos; até então, o movimento negro precisava se contentar com o dia 13 de Maio, Abolição da Escravatura – comemoração que tem sido rejeitada por enfatizar muitas vezes a "generosidade" da princesa Isabel, ou seja, ser uma celebração da atitude de uma branca.

A semana dentro da qual está o dia 20 de novembro também recebe o nome de Semana da Consciência Negra.

Então, comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra nessa data é uma forma de homenagear e manter viva em nossa memória essa figura histórica. Não somente a imagem do líder, como também sua importância na luta pela libertação dos escravos, concretizada em 1888.

O PPS de Santa Catarina tem muitos motivos para comemorar esta data, durante sua história contribuiu decisivamente para a mudança cultural, e a inserção principalmente dos espaços democráticos para todos independentes de raça, credo, opção sexual.

Hoje, o Partido comemora esta importante data, destacando o papel de liderança e de uma nova geração na política no estado, onde teremos disputando a maior Prefeitura de Santa Catarina, o município de Joinville, um negro jovem, oriundo dos movimentos sociais, professor e ex-vereador, Sandro Silva.

Sua rica história certamente deveria fazer parte da agenda de construção da Fundação Astrogildo Pereira, sobretudo pelo aspecto batalhador, simples e que cada vez mais canaliza força política e capitalização eleitoral, sendo uma das lideranças de Joinville, que detém os menores índices de rejeição.

Em 2009, Sandro foi eleito o primeiro negro eleito em Joinville, cidade de colonização germânica, sendo chamado de ‘Barack Obama de Joinville’. Filho de um jardineiro e de uma diarista, encorajou a todos para que lutem por seus objetivos. Professor despontou na política de Joinville como líder comunitário. É casado e tem um filho de quatro anos.
Em 2010 disputou uma das vagas a Assembleia Legislativa, conquistando a primeira suplência para o PPS.

Agora, Sandro Silva, vem sendo avaliado em pesquisas de intenção de votos para a disputa eleitoral em Joinville, com um capital que está próximo a 10% dos votos para a Prefeitura do Município, e com uma baixíssima rejeição.

Realmente, o Partido deve aproveitar esse capital que detemos, e de forma inteligente, abrirmos oportunidades para lideranças que a exemplo de Sandro, podem significar a imagem de uma nova cultura política no PPS.

Salve os negros brasileiros, e parabéns a este expoente da nossa política em Santa Catarina, o líder Sandro Daumiro da Silva!

Oxalá que não seja apenas a mudança de rostos, nem de idades e sim de uma nova cultura política, e estou convicto de que o PPS pode contribuir decisivamente para isso,

Saravá!

Ocupando as redes e as ruas




Valor Econômico - 18/11/2011

As barracas que tomaram as ruas de várias cidades a partir de setembro foram recebidas com um olhar de desconfiança que em mais de uma ocasião escorregou para o desdém: aos manifestantes, com suas marchas, assembleias e o bordão dos "99%", falta uma bandeira clara, uma lista de exigências, uma vinculação ideológica. É um movimento fragmentário e desorganizado, o que, para quem está acostumado a acompanhar o embate de forças políticas, o torna incapaz de produzir mudanças.

As mesmas características, para os participantes, são qualidades. Inspirados nos acampamentos que tomaram a Praça do Sol de Madri em março, os manifestantes se pautam pela denúncia de um sistema político em que não se sentem representados. Apontam, por um lado, o extremo poder do sistema financeiro sobre o político e, por outro, o vínculo precário entre governantes e governados.

Segundo o ativista Ricken Patel, diretor executivo da organização Avaaz, uma catalizadora de movimentos sociais via internet, o que acontece nas cidades ocupadas é o começo do surgimento de um novo tipo de ativismo político, capaz de fundar uma "política 3.0". Patel define a política 3.0 como "uma democracia de muita energia, em que as eleições são mais participativas e vibrantes e as instituições serão sistemas mais participativos e responsáveis". O ponto de partida são forças descentralizadoras e democratizantes, que canalizam o poder dos indivíduos.

A convicção ainda incipiente de construir algo novo e o orgulho de não se prender a bandeiras precisas estão expressos na fórmula usada por vários ativistas em diferentes grupos brasileiros que participam das ocupações na Cinelândia carioca e no Anhangabaú paulistano. "Escola de militância" é o termo com que descrevem o que ocorre debaixo do Viaduto do Chá e diante do cinema Odeon. De acordo com os manifestantes que falaram ao Valor, o princípio da "Ocupação" expressa o desejo de "retomar o que é público", seja o espaço urbano, o campo da política ou o debate de ideias. "Gente que nunca se envolveu com nada está percebendo que muita coisa está errada. A questão é como canalizar isso", diz o vestibulando Vitório Valenzuela.

Nas dezenas de barracas alinhadas entre as avenidas e os arranha-céus do centro de São Paulo, algumas centenas de pessoas assistem a aulas abertas, participam de debates e tentam organizar a convivência, em comissões de programação, comunicação, alimentação e assim por diante. Alguns dos participantes vêm de dia, outros de noite. De passagem, um homem conta que tem uma loja de artigos para festas na região da rua 25 de Março. Sua luta é pela reciclagem. "O lixo é a maior riqueza do mundo hoje", afirma. "Só de promover a reciclagem, já consegui o suficiente para sortear um tablet entre crianças de um projeto social de Goiás."

Outro participante, o rapper Kuka d"Sabre, carrega um megafone e distribui narizes de palhaço para uma passeata no dia seguinte. O comerciante contempla a esfera vermelha que recebeu do músico. "Recortando garrafas pet, eu poderia fabricar milhares dessas", diz. O rapper fica maravilhado com a ideia e aproveita para promover sua apresentação no fim de semana. "Vale a pena ficar de olho no movimento hip-hop, é um dos mais fortes", recomenda.

Cada acampado que faz comentários acrescenta o pedido de que não sejam escritos comentários estereotipados e preconceituosos contra a manifestação. "A mídia está predisposta contra a gente", diz um rapaz a distância. Um sociólogo de 25 anos, que se apresenta como Pedro Punk e exerce uma certa liderança extra-oficial, arremata: "As pessoas que estão começando a militar agora não sabem que é importante conversar com a mídia, apesar dos preconceitos que ela demonstra".

Pedro Punk desdobra-se para resolver os problemas que surgem: cartazes que se descolam da grade do viaduto, moradores de rua que pedem ferramentas para construir seus abrigos, manifestantes indisciplinados que esbanjam o gerador elétrico. Ele explica que, embora a horizontalidade (processos decisórios que rejeitam hierarquias) seja um parâmetro, ela não pode se realizar completamente. "Quem milita desde a adolescência acaba tendo uma participação mais ativa, porque transmite sua experiência."

Quando era estudante do ensino médio, Pedro participou das manifestações contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e a globalização. Esse período, cujos pontos-chave foram os confrontos em Seattle (1999) e Gênova (2001), marca um ponto de inflexão na história do ativismo político. Quando o socialismo real deixou de ser o horizonte viável, os eventos da virada do século deram início a um processo de reformulação das bandeiras e dos métodos. O sociólogo Ricardo Musse, da Universidade de São Paulo, cita como frutos os Fóruns Sociais Mundiais, cuja primeira edição ocorreu em Porto Alegre em 2001, e o conceito de "altermundialismo", que congrega, sem rigidez programática, diversas correntes de oposição ao capitalismo globalizado.

O sociólogo aponta, porém, uma dificuldade desses movimentos em propor mudanças estruturais da sociedade globalizada. A pluralidade de bandeiras e movimentos não consegue compor um corpo coerente e seus ganhos são marginais. A desilusão com a atuação política, segundo Musse, resulta do fato de que o poder político está subordinado ao poder econômico e parece impotente, empurrando as formas de resistência para outros caminhos. (Leia mais à página 11).

A fluidez das reivindicações e das formas de manifestação reflete aquilo que o sociólogo francês François Dubet denominou "declínio das instituições" - como observa a educadora Ana Karina Brenner em sua tese "Militância de Jovens em Partidos Políticos" -, que se insere no "cenário de mudanças nos modos de agir e de viver a política" para compreender o espaço que resta à política de instituições bem estruturadas, como partidos e sindicatos. Nessa interpretação, o declínio das instituições é fruto de um momento histórico em que as experiências de socialização e de atividade cultural mudam muito rapidamente. O resultado é, por um lado, a aparição de uma multiplicidade fragmentada de iniciativas cuja articulação é frouxa e, por outro lado, uma "busca por novas respostas necessárias a esta desagregação", nas palavras da educadora.

Entre coletivos pela legalização das drogas, associações de artistas de rua e grupos de outras formas, um sem-número de formas surgem e se desagregam constantemente. Uma característica apontada por diversos ativistas que falaram ao Valor é a concentração em temas particulares - da conservação de uma floresta à campanha pelo voto distrital. Alguns grupos assumem formas mais complexas e organizam manifestações. O ponto comum é o funcionamento em rede: compartilhando membros, estruturas e meios de comunicação eletrôncias, as iniciativas galvanizam participantes de diversas origens.

Ampliar imagem

Manifestações dedicadas a transporte público contam com a participação de grupos como o Movimento Passe Livre

A ambição de transformar essa estrutura flexível em paradigma de ação social é visível em entidades como a Avaaz de Ricken Patel. No Brasil, a plataforma Cidade Democrática tem um projeto parecido. Segundo o estudante Henrique Parra, que participa do desenvolvimento da plataforma, as lutas sociais, antes da era digital, precisavam institucionalizar seus processos, para ganhar agilidade e escala e reduzir os custos de operação. Hoje, isso não é necessário. Em vez disso, pode-se institucionalizar as causas. "É possível influenciar a política pública sem entrar no sistema", diz o estudante. O raciocínio por trás dessas plataformas parte da transformação dos cidadãos em produtores de conteúdo. "Chega uma hora em que é impossível ignorar o que está sendo dito", diz Parra. A novidade do século XXI é a possibilidade de usar o tempo livre para militar, em vez de só descansar depois do trabalho. Esse tempo livre tem sido chamado de "excedente cognitivo" e está na base de fenômenos como a Wikipédia, atualizada por seus usuários.

Um movimento ilustrativo da fluidez com que as iniciativas se agregam e desagregam é o Movimento Passe Livre (MPL), local e nacional ao mesmo tempo. Dependendo das circunstâncias, o grupo luta pela gratuidade do transporte público (quando possível) ou por reduções maiores para estudantes, contra aumentos de tarifas ou pela inscrição do transporte como um direito social na constituição. Surgido em 2003, após protestos que duraram dez dias contra um aumento de tarifas em Salvador, o MPL tornou-se uma rede de pequenos grupos em várias cidades. Alguns deixam de existir, outros voltam à vida. Quando um cresce, outro encolhe. Em São Paulo, pequenos grupos colhem assinaturas em universidades, bares e praças. Quando o preço da tarifa de ônibus subiu, no fim do ano passado, novas pessoas se uniram, mas muitas se afastaram quando o choque foi absorvido.

"O movimento cresceu muito durante a luta contra o aumento", diz o pedagogo André Ciola. "Aquela mobilização deu um novo capital político para o movimento." Os militantes, no período, conseguiram recolher mais alguns milhares de assinaturas, mas reconhecem estar longe de conseguir as 500 mil necessárias para propor um projeto de lei na Câmara Municipal. Enquanto isso, seus membros mantêm alianças com grupos de sem-teto, trabalhadores da cultura, associações de bairro e outras bandeiras, para organizar manifestações ou participar daquelas que os outros organizam.

Um traço comum aos diversos movimentos é sua desconfiança dos partidos políticos, sejam os majoritários, sejam os radicais, que costumavam tomar a frente nas mobilizações. No Anhangabaú, os membros da "escola de militância" contam que a instalação debaixo do Viaduto do Chá não foi uma escolha consciente, mas uma tentativa de driblar partidos radicais de esquerda que se esforçavam para comandar a manifestação nascente.

Ainda assim, não é uma relação inteiramente hostil. Entre as alianças eventuais do MPL, figuram correntes do PSOL e do PSTU. Para Henrique Parra, "os partidos têm de se acostumar a ser coadjuvantes também". Segundo a socióloga Mary Garcia Castro, um processo parecido com esse já está em marcha. Muitos dos jovens ativistas estão conseguindo introduzir suas pautas no debate interno de certos partidos. "No meu tempo, se fôssemos falar de ecologia ou mobilidade urbana no PCB, ninguém daria ouvidos", diz. Para ela, as preocupações dos partidos costumavam ser mais ideológicas e econômicas.

Para o cientista político Bruno Caetano, ex-secretário de Comunicação do Estado de São Paulo no governo Serra, os partidos não se prepararam para a época da comunicação fácil. Estão prontos para lidar com movimentos de massa, mas não pequenas mobilizações. "Os partidos são especialistas em pescar com rede, mas não com vara. Sabem representar categorias profissionais, mas quem vai representar os movimentos de ciclistas, por exemplo?"

O vereador Edinho Silva, presidente estadual do PT de São Paulo, iniciou sua carreira política nas Comunidades Eclesiais de Base da Igreja Católica no início dos anos 1980. Hoje, demonstra preocupação com a aparente rejeição da via partidária pelos jovens movimentos sociais. Segundo o deputado, os partidos, no Estado moderno, são os formuladores de projetos de sociedade em formulação coletiva. A rejeição da política e dos partidos abre a porta para lideranças carismáticas e autoritarismo. "Com a diluição dos projeto coletivo, o que assoma são concepções pessoais de liderança carismática, hegemonizando a sociedade."

terça-feira, 15 de novembro de 2011

I CONSOCIAL DE FLORIPA

CARTA DE FLORIPA




Os participantes da Primeira Conferência Livre no âmbito da CONSOCIAL, realizada no Centro de Cultura e Eventos da UFSC, no dia 15 de novembro de 2011, das 14 às 17 horas, debateram, elencaram e votaram propostas para compor pauta de exigências a serem contempladas na formulação de políticas públicas e na elaboração do Plano Nacional de Combate à Corrupção. Os pontos mais votados foram:

• Fim do foro privilegiado para autoridades políticas;

• Fim do voto secreto nos parlamentos e nas comissões do serviço público;

• Cargos de Conselheiros e Ministros dos Tribunais de Contas e de Justiça preenchidos por concurso público;

• Ficha limpa no seu formato original;

• Conteúdos de filosofia, política, ética e cidadania nas escolas, com programas de capacitação dos professores;

• Fim das coligações eleitorais partidárias;

• Definição de atos de corrupção como crime hediondo;

• Mecanismos de controle social sobre o judiciário (por exemplo: independência e autonomia do CNJ);

• Penas mais severas aos membros do judiciário que estiverem envolvidos com corrupção;

• Transparência e instrumentos de controle social sobre a execução de penalidades, multas e recuperações de valores;

Na busca de um país mais justo, honesto e democrático, contamos com a adesão, compromisso e apoio de todos os cidadãos e governantes.




Participantes da I CONSOCIAL Livre de Florianópolis.




Florianópolis, 15 de novembro de 2011.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

SOMOS MAIS DE 30 MIL, MAIS APENAS UM NÚMERO DE FICÇÃO

O PPS de Santa Catarina contabiliza em seus quadros de filiados uma importante marca que supera os trinta mil filiados, segundo dados do TRE-SC, catarinenses que optaram pelo Partido, mas que conhecemos muito pouco, ou quase nada, sem exercermos de forma mais estratégica, uma aproximação com os filiados, que poderiam transpor para uma frente d...e militância nas diversas esferas os quais estão inseridos.

Entretanto, no campo das relações pessoais a situação é diferente, o antigo militante atua em favor de um objetivo-alvo de construção política, social e com claros objetivos a coletividade, ao contrário disso, o comando dirigente afunilou ao longo dos anos, quer por razoes involuntárias ou de sucessivos equívocos no desvio das profundas (e necessárias) práticas do debate e construção de uma agenda política vigorosa e amplamente democrática, ausência da cobrança as práticas tradicionais do Partido, descaso ao cumprimento dos documentos aprovados nas instâncias do PPS e ao excessivo individualismo, inaugurando um período onde “cada um cuida de sua paróquia”. Foram fortes causas que culminaram com esta dramática e preocupante situação atual.

A militância no Partido, que deveria ser descoberta em comunidades nas quais projetos se elaboram e que possam ser implementados através da instrumentalidade política, acabam não encontrando respaldo ou receptividade no Partido, isso é uma crise geral em todas as siglas, mas é mais sensível em agremiações com linhas de esquerda, como as do PPS.

É preciso evidenciar aqui esta nova relação com as causas sociais, a dos militantes que se transformaram em atores em outros espaços por não encontrarem nos Partidos Políticos, e aqui, objetivamente, no PPS terreno fértil de construção de uma proposta verdadeiramente transformadora. E é essa militância, que pela proximidade inerente com os movimentos sociais e pela importância que ganharam na sociedade brasileira, muitas vezes se dirigem à opinião pública ocupando um espaço que se destinava aos partidos políticos.

Estamos diante de um ator social novo, com características próprias, originado a partir dos movimentos sociais se colocando e afirmando seu discurso junto à sociedade. A confusão causada pelas dúbias representatividades é um fenômeno a se superar na ação concreta desses dois setores.

Além disso, não conseguimos fazer um quadro completo nas relações entre militância dirigentes e detentores de mandatos no PPS. E o trabalho no terceiro setor, em entidades voltadas ao meio ambiente, ao social, e afins, está ganhando espaços que outrora residiam no Partido, e estes militantes constroem esta forma alternativa de inserir esta vivência, de preferência onde possam garantir uma produção voltada mais para o social e, quando muito, preservar a participação política em movimentos afins.

O fato é que, ao mesmo tempo em que se autonomizam, criando seu discurso próprio de identidade e sustentação, a antiga militância partidária, se afirma em estruturas que se assemelham à de uma espécie de “pequenos núcleos organizados e afastados dos partidos, e que funcionam no contraponto das agremiações política partidárias, onde a cooperação para o desenvolvimento se transforma em uma verdadeira política pública e um celeiro de práticas e inovações. Essa massa de militantes sustentam os projetos, a cooperação para o desenvolvimento, e em conseqüência, a própria continuidade das suas atividades, que anteriormente eram realizadas nas estruturas do Partido, e que exige, além de um conhecimento específico, uma dedicação quantificada em horas de atuação e resultados.

Sem falar que as pessoas que se inserem no terceiro setor, impõem, por sua singular condição, uma norma de conduta diferenciada, pois quanto mais seus participantes se rebelam, mais inviabilizam a imagem das entidades na qual militam, aliado aos fatores externos, conseqüentemente, abalam sua própria situação dentro dela. Fazem a fidelidade para com os objetivos estratégicos das entidades mais rígida do que os princípios da fidelidade partidária, portanto ainda estes limitadores e excessivo descaso com o cumprimento de resoluções, decisões e toda a prática coletiva que é construída no PPS, são causas determinantes para o desmantelamento e o descrédito partidário e assim a frustração da militância.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

UMA INJUSTA PUNIÇÃO AS ONGS

Então fica combinado que o aparelhismo governamental criado para alimentar feudos (dirigentes, cardeais ou estruturas partidárias afins), campanhas, azeitar a máquina de militãncia e seus aparelhismos sob diversas égides (longe de mim citar sindicatos e o movimento estudantil materializado pelas entidades pornograficamente eivadas de um modelo mais simples do que ocorre no Ministério dos Esportes), criou um imenso drama a sociedade civil organizada, aquela galera que vai pro batente cedo, veste a camisa, corre dali pra cá, fala com "otoridades mil" pra manter aqueles projetos, aquela entidade que auxilia os nichos sociais do país, e que recebe a duras penas migalhas, que tenque juntar documentos de todas as cores e espécies, que tenque comprovar A+B e timtim por timtim tudo, e que ainda, no final, não sabe se receberá do Governo o tão necessário apoio.


Fica combinado ainda que os desportistas de várias cores, origens, e que suam pra levar o nome do seu país , estado ou município, e muitas vezes trabalham e revezam-se nos estudos e no amor ao esporte, verão ainda mais a máquina estatal se fechar.


Fica determinado também que se o padrinho for poderoso tudo pode acontecer, desde papéis em branco, entidade no paiol de casa, objetivos sociais camuflados, pastor de Igreja usando recursos mil sem prestar devidamente o projeto, amigos do rei (rainha em alguns casos) acocados e protegidos. Só basta trocar o nome que vai na porta do gabinete e tá tudo certo, o senhô dotô ministro vai, no canetaço, extinguir repasse as "OnGs" e tá feito o ajuste, culpa-se todos os guerreiros, que a gente conhece e tem consciencia que prestam o relevante (e necessário) papel de inclusão social.


É a vida, células criam figuras jurídicas de aluguel, lavam diheiro, levam algum, camuflam o programa e sua execução e quem vai pagar toda a fatura das demandas é o conjunto dos brasileiros que constróem a bela corrente do bem que se materializam nas entidades sem fins lucrativos. Não basta atacar apenas um nódulo, o cãncer deve ser extirpado para que não se manifeste novamente...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

BRASIL DISPUTA 1º LUGAR NA AMÉRICA LATINA - CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA A MULHER

"Meus queridos, é reta final.
Não tenho mais esperança de chegar ao primeiro lugar no ranking mundial tendo em vista o tempo que temos. Mas tenho esperança de ser o primeiro na América Latina. Compartilhem a imagem. Coloquem a imagem em seus perfis. Se cada um de vocês trouxerem mais 5 votos, chegaremos lá
".
Vinícius Dennis






O CONCURSO
Mulheres no mundo todo ainda sofrem ataques de violência dentro de suas casas, nas ruas... já é hora de pensarmos no assunto e levantarmos campanhas e discussões sobre este tema. Pensando nesta modalidade de violência, em meio a tantas que infelizmente vivenciamos na sociedade mundial, a ONU – Organização das Nações Unidas – está promovendo ação para envolver os homens de todo o mundo na causa.

O concurso propõe que homens entre 18 e 25 anos, de todos os cantos do planeta, usem sua imaginação e criem camisetas bacanas para disseminar nas ruas a mensagem de igualdade e respeito pelas mulheres. E o Brasil tem seu representante. Vinícius Dennis, de 20 anos, criou sua camiseta que pode ser acessada e votada em:

http://unitetshirtcompetition.org/en/entrie/index/479


Se nosso representante vencer, ele irá para Nova York para celebrar, na sede da ONU, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, representar nossa nação.

“A arte para esta camiseta transcende interpretações únicas, fazendo com que as pessoas reflitam tanto sobre o desenho e a mensagem. A mensagem em Inglês – por exigência do concurso – significa NÃO MACHUQUE SUA ORIGEM. JÁ É A HORA DE PARAR DE MACHUCAR MULHERES E GAROTAS. Espero poder contar com o apoio do país para mais essa importante conquista” – Vinícius Dennis Redondo (Participante Brasileiro).


Acessem o twitter da campanha BR na ONU:
www.twitter.com/BrasilnaOnu

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

CORRUPÇÃO

Protestos saem às ruas
Em Florianópolis, manifestações reuniram 300 pessoas e provocaram reflexões no feriado



FLORIANÓPOLIS - Carregando faixas, vassouras, cornetas e apitos, manifestantes protestaram mais uma vez contra a corrupção, ontem, em Florianópolis. De acordo com a Polícia Militar, o evento reuniu aproximadamente 300 pessoas. O empresário Djalma Steffani, 46 anos, aproveitou a oportunidade no Dia das Crianças e levou o filho de oito anos para o protesto. Steffani ficou sabendo da manifestação pela internet e resolveu se unir ao grupo.
– Num país corrupto como esse a gente tem que se manifestar. E ele também precisa aprender – afirmou o empresário sobre levar o filho.

Assim como Steffani, diversos pais levaram crianças para participar do protesto. A marcha iniciou às 10h, no Trapiche da Beira-Mar. Cantaram o hino nacional e caminharam até um bar. Durante o trajeto, gritavam palavras de ordem e canções como “O povo acordou, o povo decidiu, ou para a roubalheira ou paramos o Brasil” e “Você aí parado está sendo roubado”. Os manifestantes ainda convidavam as pessoas que se exercitavam pela Beira-Mar e as que apareciam nas janelas dos prédios da avenida a integrar o protesto.

O aposentado Alvaro Preis, 58 anos, ficou sabendo da manifestação pela internet e, além de participar, convidou seus conhecidos para o evento. Na avaliação dele, este tipo de movimento tende a crescer porque há muita corrupção e sensação de impunidade:
– No próximo vou convidar ainda mais pessoas.

Diversas pessoas vestiam camisetas da campanha “O que você tem a ver com a corrupção?”, idealizada pelo promotor de Justiça Affonso Ghizzo Neto. A manifestação foi encerrada às 11h30min.

Esta foi a segunda manifestação contra a corrupção em Florianópolis. A primeira foi exclusivamente organizada pelas redes sociais e ocorreu dia 7 de setembro. Para a manifestação de ontem, além da divulgação pela internet, houve panfletagem. O próximo protesto está agendado para 15 de novembro, na UFSC.

PELO BRASIL

São Paulo

- A concentração foi na Avenida Paulista, a partir do Masp. Um homem foi detido por quebrar o vidro de uma lanchonete, mas o CET não precisou interditar nenhuma rua. Uma das organizadoras do evento, a autônoma Lucianna Kalil, explicou que, desta vez, além da divulgação da iniciativa em redes sociais, houve distribuição de panfletos para que as pessoas tomassem conhecimento do movimento. Na manifestação foram colhidas assinaturas para um abaixo-assinado em defesa do projeto Ficha Limpa
Brasília


- A 2ª Marcha contra a Corrupção e a Impunidade tomou a Esplanada dos Ministérios ontem, em Brasília. Segundo a Polícia Militar, mais de 11 mil pessoas participaram do evento em defesa do fim do voto secreto no Poder Legislativo, da constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa e da manutenção das atribuições do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Carregando a bandeira do Brasil e um desenho de uma pizza, os manifestantes saíram da Praça da República e foram à Praça dos Três Poderes .


Salvador
- A caminhada entre a Barra e Ondina, onde reside o governador Jaques Wagner (PT), reuniu universitários. Com faixas, cartazes, narizes de palhaço e as cores da bandeira brasileira pintadas nos rostos, os manifestantes gritaram palavras de ordem e cantaram o Hino Nacional. Havia juízes vestindo camisetas pretas com os dizeres “Magistrados indignados com a corrupção” .


Curitiba
- O protesto reuniu manifestantes que seguiram pelo calçadão da Rua 15 de Novembro até a Boca Maldita. Um grupo, que se chamou de Anonymous, desfilou com máscaras. Faixas pediam o fim do voto secreto, a redução da carga tributária e a tipificação do enriquecimento ilícito como crime penal.



Fonte: Jornal de Santa Catarina

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

PPS DE FLORIANÓPOLIS





O PPS de Florianópolis prepara-se para disputar as eleições de 2012 com uma Pré-Candidatura a Prefeito e começa a elencar nomes que estarão buscando uma vaga no Legislativo local.

Atual presidente da sigla, e candidato a deputado estadual em 2010 pelo PPS, o ex-líder estudantil Luciano Formighieri, que também atuou na JPS, colocou-se a disposição do Partido, para cumprir o importante papel partidário, e dialogar com a sociedade da capital uma agenda socialmente sustentável.

Neste momento de reconstrução, onde em Santa Catarina vimos lamentavelmente uma poderosa máquina tratora sugando parte de nossos vereadores, vices e todos nossos prefeitos. É necessário uma profunda reflexão e acredito, um olhar muito mais sério por parte de nossa Direção Nacional que precisará ampliar seu auxílio na continuidade dos trabalhos liderados pela deputada Carmem Zanotto, presidente estadual, e de nossas demais lideranças, com destaque ao líder da bancada, deputado Altair Guidi, que apesar dos sucessivos assédios, permaneceu em nossas fileiras.

Temos pré-candidatos, dentre outras, nas cidades de Joinville, Florianópolis e Lages, municípios estrategicamente importantes em Santa Catarina.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

UM BRASILEIRO NA ONU - CONTRA A VIOLÊNCIA A MULHER





Mulheres no mundo todo ainda sofrem ataques de violência dentro de suas casas, nas ruas... já é hora de pensarmos no assunto e levantarmos campanhas e discussões sobre este tema. Pensando nesta modalidade de violência, em meio a tantas que infelizmente vivenciamos na sociedade mundial, a ONU – Organização das Nações Unidas – está promovendo ação para envolver os homens de todo o mundo na causa.

O concurso propõe que homens entre 18 e 25 anos, de todos os cantos do planeta, usem sua imaginação e criem camisetas bacanas para disseminar nas ruas a mensagem de igualdade e respeito pelas mulheres. E o Brasil tem seu representante. Vinícius Dennis, de 20 anos, criou sua camiseta que pode ser acessada e votada em:

http://unitetshirtcompetition.org/en/entrie/index/479


Se nosso representante vencer, ele irá para Nova York para celebrar, na sede da ONU, o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher, representar nossa nação.

“A arte para esta camiseta transcende interpretações únicas, fazendo com que as pessoas reflitam tanto sobre o desenho e a mensagem. A mensagem em Inglês – por exigência do concurso – significa NÃO MACHUQUE SUA ORIGEM. JÁ É A HORA DE PARAR DE MACHUCAR MULHERES E GAROTAS. Espero poder contar com o apoio do país para mais essa importante conquista” – Vinícius Dennis Redondo (Participante Brasileiro).


Acessem o twitter da campanha BR na ONU:
www.twitter.com/BrasilnaOnu

Cuidar do luto e das perdas

“‘Há sempre um sentido de Deus em todos os eventos humanos: importa descobri-lo’. Até hoje estamos procurando esse sentido que somente na fé o suspeitamos”

Leonardo Boff*

Pertencem, inexoravelmente, à condição humana, as perdas e o luto. Todos somos submetidos à férrea lei da entropia: tudo vai lentamente se desgastando; o corpo enfraquece, os anos deixam marcas, as doenças vão nos tirando irrefreavelmente nosso capital vital. Essa é a lei da vida, que inclui a morte.

Mas há também rupturas que quebram esse fluir natural. São as perdas que significam eventos traumáticos como a traição do amigo, a perda do emprego, a perda da pessoa amada pelo divórcio ou pela morte repentina. Surge a tragédia, também parte da vida.

Representa grande desafio pessoal trabalhar as perdas e alimentar a resiliência, vale dizer, o aprendizado com os choques existenciais e com as crises. Especialmente dolorosa é a vivência do luto, pois mostra todo o peso do Negativo. O luto possui uma exigência intrínseca: ele cobra ser sofrido, atravessado e, por fim, superado positivamente.

Há muitos estudos especializados sobre o luto. Segundo o famoso casal alemão Kübler-Ross, há vários passos de sua vivência e superação.

O primeiro é a recusa: face ao fato paralisante, a pessoa, naturalmente, exclama: “Não pode ser!”; “É mentira!”. Irrompe o choro desconsolado, que palavra nenhuma pode sustar.

O segundo passo é a raiva que se expressa:“Por que exatamente comigo? Não é justo o que ocorreu”. É o momento em que a pessoa percebe os limites incontroláveis da vida e reluta em reconhecê-los. Não raro, ela se culpa pela perda, por não ter feito o que devia ou deixado de fazer.

O terceiro passo se caracteriza pela depressão e pelo vazio existencial. Fechamo-nos em nosso próprio casulo e nos apiedamos de nós mesmos. Resistimos a nos refazer. Aqui, todo abraço caloroso e toda palavra de consolação, mesmo soando convencional, ganha um sentido insuspeitado. É o anseio da alma de ouvir que há sentido e que as estrelas-guias apenas se obscureceram e não desapareceram.

O quarto é o autofortalecimento mediante uma espécie de negociação com a dor da perda: “Não posso sucumbir nem afundar totalmente; preciso aguentar esta dilaceração, garantir meu trabalho e cuidar de minha família”. Um ponto de luz se anuncia no meio da noite escura.

O quinto se apresenta como uma aceitação resignada e serena do fato incontornável. Acabamos por incorporar na trajetória de nossa existência essa ferida que deixa cicatrizes. Ninguém sai do luto como entrou. A pessoa amadurece forçosamente e se dá conta de que toda perda não precisa ser total; ela traz sempre algum ganho existencial.



“Há sempre um sentido de Deus em todos os eventos humanos: importa descobri-lo”. Até hoje estamos procurando esse sentido que somente na fé o suspeitamos.

Parte do Artigo de Leonardo Boff, Doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade de Munique, nasceu em 1938. Foi um dos formuladores da “teologia da libertação”. Autor do livro Igreja: carisma e poder, de 1984, que sofreu um processo judicial no ex-Santo Oficio, em Roma, sob o cardeal Ratzinger. Participou da redação da Carta da Terra e é autor de mais de 80 livros nas várias áreas das ciências humanísticas.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

É PRECISO AVANÇAR II

Finalmente na semana passada foi protocolada a tão esperada carta endereçada a Raimundo Colombo, subscrita pelos deputados: Carmen Zanotto e Altair Guidi, o texto é simples e direto, ‘ter um aparte com o governador e assuntar pelo espaço afiançado (por ele) ao PPS’, ouso ser excessivamente pessimista, o mesmo poderá ter muito pouco pra responder as nossas duas principais lideranças, projetando talvez promessas futuras (afinal têm-se ainda um pouco mais de três anos de seu governo).

Como no mar, a política tem suas ondas que vem e vão, e o Partido tenque retomar seu rumo, estabelecendo agora algo inédito, pensar juntos e de forma estratégica, até por que com o advento (e fortalecimento) da tese que mandato é do Partido, aliado ao respeito do instituto da Comissão de Ética (sempre é bom ressaltar que o PPS Nacional cortou fundo na carne dias atrás, cassando prefeitos a vereadores) devemos dar um basta nesta atual cultura, neste modo sucumbido de se montar o caminho pelo crescimento partidário. Planejamento e execução, ou alinha-se ao que a maioria definiu (respeitando-se as opiniões divergentes), ou, em desobedecendo o comando determinado e estabelecido, terá a certeza de que vai responder aos órgãos competentes do Partido, sem protelações (meu pedido de expulsão do prefeito de Matos Costa adormece em alguma gaveta na estadual, desrespeitando o que rege o Estatuto e o Código de Ética do Partido).

É simples, o eixo local, com sua autonomia e alinhavada ao que melhor aprouver para crescer (com coerência) está diretamente ligado ao projeto estadual, que deve prezar pela musculatura das bases, até porquê teremos que dar o atendimento necessário aos Diretórios e locais onde temos mandatários do PPS, e isso é pedagógico, não será pela força, sequer pela intimidação (nesta época em que não há eleição é desnecessário imposição), mas noutro momento, cientes de suas obrigações com o Partido, exercer o ato apropriado para analisar o comportamento (político e partidário) daqueles que detém a marca do 23.

Na última reunião da Direção Estadual a deputada Carmen Zanotto abordou o assunto sobre a fragilidade partidária (de todos os partidos sem exceção), mas destacou que o PPS (creio eu executando as ações necessárias e sem titubear) exercerá uma influência estratégica para as eleições de 2012. Ao nos debruçarmos no mapa político, a atual presidente do Partido tem certa razão, até pelo fato de que tivemos belas candidaturas na chapa estadual, das quais evidenciaram-se para concorrer ao pleito municipal. Reafirmo o que falei no texto anterior, é preciso planejamento estratégico e discutir, por exemplo, através de um grupo executivo criado no âmbito da Direção do PPS-SC (hipoteticamente formado com as principais lideranças) a questão da propaganda gratuita, e assim regionalizá-la. Mas não bastaria fazer isso, acredito que se unirmos esforços, poderíamos oportunizar aos que tem condições de disputar na chapa majoritária ano que vem espaços nos veículos de comunicação. Em suma, dando as gravações de Rádio e TV, e auxiliando nos textos a serem definidos como forma de divulgação do partido (e conseqüentemente da imagem de nossas lideranças). Imaginemos, por exemplo, se o Voltolini faz gravações de rádio e TV e aí, da parte dele, consegue emplacar nas rádios da região de Timbó, ou, em permanecendo, estampar Fernando Coruja nos veículos de comunicação de Lages, projetaríamos desde logo esses possíveis candidatos. Evidente que os nossos deputados devem ter espaços garantidos no cenário estadual, aliás, devemos explorar as atividades que ambos exercem no Parlamento, como forma de divulgação do PPS. Podemos pensar esta estratégia para o primeiro semestre de 2012.

Mas agora, o período é cuidar de forma criteriosa para que lideranças que queiram se filiar ao PPS conste no respectivo cadastro de filiação on line do Tribunal Eleitoral, e estou preocupado com a nossa ausência de interlocução com os municípios neste contexto (até em decorrência ao caso concreto que tivemos, com professor Eduardo França ano passado, o Partido em Indaial não soube fazer o devido processo de filiação e o mesmo acabou não sendo candidato a deputado estadual).

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

EMPRESARIOSOFANDO





O RECUO ESTRANHAMENTE ESTRATÉGICO
Em tempos de frentes contra a corrupção, entidades empresariais e ligadas ao setor produtivo deveriam desfraldar a transparência total e tolerância zero aos colegas que da iniciativa privada, potencializam grupos ou pessoas na esfera pública, e que no fim vilipendiam o Estado.

Foi neste mês que a FACISC - Federação das Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina inaugurou com pompas e circunstâncias seu
deputadômetro (http://www.deputadometro.com.br/) perante aos que sofreriam em tempo real o controle sobre suas atividades, resumo da ópera, a entidade fez um recuo estratégico, digamos assim, e desativou o tão condenável ranking. Afinal que mácula as entidades de classe estavam fazendo contra os deputados estaduais, querendo fiscalizá-los.

Porque entidades que tem estruturas, a exemplo da Facisc, não criam (ou ampliam se já existentes) o setor institucional, possibilitando as mesmas em proceder de forma periódica, encontro com parlamentares (de forma individual ou nas comissões), gestores de pastas estaduais (até porque a produção legislativa, em muitos aspectos, dependem da vontade política do Poder Executivo para sua realização), igualmente exercerem fiscalizações nos desembargadores do TJ, conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, etc, como forma de captar a agenda e as atividades públicas realizadas? Poderia lembrar que, por exemplo, a Assembleia Legislativa produz seu Relatório Anual de Atividades, onde a Casa resume o trabalho legislativo e de suas ações (tem muita coisa boa ali, outras, nem tanto). Tenho certeza que as federações e demais entidades receberam, pelo menos, uma cópia deste importante documento, pois bem, é preciso qualificar essa atuação fiscalizatória e propositiva, que é de direito de todos, e isso deve ser inafastável.

Tudo bem que também é um direito de cada cidadão, seja de que forma for, acompanhar e participar ativamente de suas responsabilidades, estando à capacidade fiscalizatória (e até de cobrança), estampadas nas escritas constitucionais e em muitos dos diplomas no arcabouço legal do país, mas isso é secundário, o que importou foi o poder de pressão dos parlamentares, denunciando até que a entidade estava promovendo uma oculta chantagem. Bobagem, instituições assim não fazem essa prática, elas apenas cumprem o seu papel, e no mesmo sentido, investem (e promovem entre seus associados) que os mesmos apóiem (e invistam) nos candidatos que detenham transparência, postura e um trabalho político digno de nosso estado, município e país (quiçá esse seja o verdadeiro controle).

Se acompanharmos, por exemplo, a média de idade na Assembléia, somado ao número de mandatos de muitos, constataremos que a renovação é muito pouca na política do Estado, que dirá nas Câmaras de Vereadores. Claro que isso não indica um fator totalmente negativo, apenas que renovação (até de idéias e posturas) é bem restritiva no cenário político de nosso estado, o novo, sob o aspecto positivo evidente, não pode (e nem deve) estar associado à idade, mas na postura e maneiras de exercer o mandato sim.

Portanto, chegamos a uma conclusão, muito mais do que os legítimos mecanismos fiscalizatórios, repito, instrumento constitucional e legítimo de cada cidadão, contribuinte ou eleitor, está seus deveres como peça principal na política e daqueles que exercem mandatos, ou em nome destes alguma função pública. Principalmente daqueles cidadãos que detém envergadura, condições de participarem mais ativamente deste processo, enfatizo, democrático e constitucional. As eleições também são outro dosador de posturas, e que ocorrem bienalmente.

A poderosa máquina que movimenta candidaturas é espantosa e assustadora, vêem-se dezenas (centenas em alguns casos) de cabos eleitorais, vários carros, caminhões de som, utilitários, enfim, uma frota toda estilizada de rostos perfeitamente ajustados. Promoções mil nas bases, gente que entra e sai dos postos de combustíveis, eventos ricamente ornamentados com faixas, banners, material gráfico, uma verdadeira indústria a serviço do digníssimo candidato, aparenta até ser ele (ou ela) um salvador da Pátria. Não só de seus recursos ou de fundo partidário sobrevive esta engenharia, eles provém (no aspecto legal e moral) de muitos escaninhos, dentre eles, a dos dignos atores que promovem o necessário desenvolvimento econômico de nosso estado.

Em matéria do Jornal O Globo, no último domingo (28/08), estudiosos constataram que a prática cotidiana da vida política, aliada a íntima proximidade de empresários, geralmente com relações com o Governo, tem se transformado em prática corriqueiras. Doações milionárias de empresas com contratos junto a administração pública para campanhas eleitorais estão sendo questionadas quanto a sua constitucionalidade. Diante de inúmeros indícios de corrupção, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a circunscrição nacional claro, decidiu na semana passada que vai entrar no Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de inconstitucionalidade pedindo o fim das doações por empresas que trabalham para o governo. O argumento é que a prática "compromete o processo democrático, promove a desigualdade política e alimenta a corrupção".

Em outro trecho da matéria, cita-se o assédio do setor privado para contratação de funcionários públicos licenciados ou egressos dos cargos no governo. Para o professor de políticas públicas da Ebape/FGV e professor associado ao Departamento de Economia da PUC-Rio, Jorge Vianna Monteiro, os salários, em geral, são mais altos na iniciativa privada, que valoriza nesses agentes públicos a rede de contatos que deixou no governo e o conhecimento das engrenagens burocráticas, ele lembra que isso não deve ser enquadrado como corrupção, mas que é preciso ter regulamentação adequada.

Portanto, entidades como a FACISC, quando tiverem a consciência na dimensão da grande responsabilidade que detém para que o processo eleitoral seja realmente equânime, justo e que os candidatos (em pé de igualdade ou próximo a isso) exerçam a disputa pelo bem público, afiançados em compromissos maiores e democráticos, com embate de idéias e altamente comprometidos com a coletividade, a condução transparente de seus mandatos e acima de tudo, dispostos a rechaçarem subserviências entre Poderes ou atitudes condenáveis em tempos de Ficha Limpa, aí sim o empresariado estará construindo algo muito maior do que apenas um índice quantitativo, que no final, pouco influenciará no grande eleitorado, mas que sente sensivelmente quando certas candidaturas chegam altamente vitaminadas, por contribuições de empresários. Estes mesmos empresários que em alguns casos, se enfileiram posteriormente nas cobranças da postura proba na política. Se a sensibilidade democrática e republicana permeá-los desde logo, podemos enfim aposentar o deputadômetro.

ALISSON LUIZ MICOSKI, cidadão catarinense

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

REFLEXÕES AO PPS-SC

É PRECISO AVANÇAR

Aos poucos o PPS em Santa Catarina começa a reconstruir seu caminho, após um doloroso processo que culminou num remanejamento na Comissão Estadual, na radical mudança da Direção em Araranguá e Florianópolis, para assegurar viabilidade nas pré-candidaturas a prefeito, manutenção de candidatos expressivos a vereador com vistas a 2012, dentre outras preocupantes justificativas. Agora, as lideranças voltam-se para a organização congressual e uma estreita agenda que culmina no fatídico prazo de filiações que expiram no mês de outubro.

De imediato, a Executiva Estadual constituiu uma Comissão de Sistematização, (se reunirá na Segunda ás 9h e 30 min) responsável em discutir e formatar proposta única de texto que norteará o Congresso Municipal, esta não pode afastar documento aprovado no próprio órgão executivo e nem demais contribuições que chegarão na mesa. Identicamente terá que contemplar municípios que já estão realizando os respectivos Congressos, enfim, a máquina partidária está caminhando, mesmo com todos os percalços iniciados desde o ano passado com o fim da eleição.

Fato que segue um script, sazonal, estão as filiações de potenciais candidatos, tradicionalmente (e não poderia de ser diferente) as filiações acontecerão na linha final imposta pelo calendário. Igualmente é verdadeiro, que as lideranças nos municípios e no cenário estadual, monitorem convites estratégicos, exteriorizando a predisposição. Importante, aqueles e aquelas que virão, deve ter ciência dos novos tempos (fidelidade partidária, compromissos com o fortalecimento e ampliação do PPS, etc).

O Partido promoveu de forma ostensiva um choque radical na maneira de agir, num primeiro momento, por vias até então pouco utilizadas, mas que refletem a crescente preocupação do que vem ocorrendo no cenário, como por exemplo, o surgimento da nova legenda que sugou (é o termo correto) o elenco majoritário e encolheu nossa bancada legislativa em diversos municípios.

Outra constatação é que, até o presente momento, o Governo do Estado, onde o PPS ajudou de forma sistemática para estar na chapa (lembrando que os primeiros partidos a exteriorizarem adesão foram PPS e PTB, respectivamente) foram os primeiros a serem isolados pelo Centro Administrativo, essa amputação traumática favoreceu para fragilizar ainda mais o Partido, pois durante oito anos vinha atuando como parceiro no consorcio governista, companheiros relembram que no período Luiz Henrique o PPS estava mais prestigiado do que com Colombo, conterrâneo de duas das nossas principais lideranças (Coruja e Carmen).

Aliás, Fernando Coruja, (licenciado) que é ainda presidente do PPS, pelo que me consta, poderá concorrer a Prefeitura de Lages em outro Partido, entretanto, com a aproximação do prazo final de mudança partidária, uma reviravolta nesta tendência não está descartada. Quem dirá o que ocorre com o ex-deputado, será fatidicamente o cenário pragmático de outubro. Agora, ocorrendo sua migração para nova legenda, o PPS mantem-se como principal parceiro na cidade serrana, dada a afinidade pessoal com as lideranças, idêntico agradecimento e respeito, por isso, acredito que possamos compor na chapa majoritária tendo Coruja como candidato a prefeito, e em não concorrendo pelo Partido, o vice, poderia, porque não ser oriundo do PPS?

O planejamento estratégico ele deve contemplar uma projeção eleitoral, 2012 que reflete em 2014, (tese que historicamente defendi no Partido, terminada a eleição, encontro com os eleitos, suplentes mais votados, etc, e a necessária avaliação) pecamos periodicamente nesta ausência de reflexão (e ação) o jogo e as regras sempre serão as mesmas (tendo uma reforma política/eleitoral teremos tranqüilidade em montar com antecedência nossa estratégia), e na política isso não é sofrer por antecipação, ao contrário, é evitar lamentarmos posteriormente aos estragos da dinâmica eleitoral.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Estágio: Juventude ainda tem receios

Pesquisa aponta que 45% dos jovens ainda se sentem inseguros para estagiar
Estudo divulgado na última quinta-feira (21/7) pela Trabalhando.com, empresa de recrutamento on-line, à primeira vista, revela um panorama otimista em relação ao jovem universitário brasileiro.

Segundo o levantamento, que ouviu 300 estudantes em todo o país, 55% dos entrevistados se dizem preparados para estagiar em sua área de estudo. Mas, ainda que estejam mais preparados tecnicamente - na opinião de consultores de carreira -, os outros 45% restantes afirmam se sentir inseguros para ingressar no mercado de trabalho.

Destes, 28% disseram que sua instituição de ensino não os prepara para o ambiente profissional e 19% afirmaram que seu curso é totalmente voltado à área acadêmica.

De acordo com o especialista em carreiras Renato Grinberg, diretor-geral da Trabalhando.com Brasil, muitas universidades não acompanharam a tendência de reformular os seus cursos conforme as exigências de mercado. “O jovem que não observa essa conexão (entre conhecimento técnico e demanda de mercado) obviamente se sentirá mais inseguro ao imaginar que terá de assumir responsabilidades das quais nunca ouviu falar.”

Para Gustavo Nascimento, gerente de relacionamento da Foco Talentos, empresa do Grupo Foco especializada em recrutamento e seleção de estagiários e trainees, a figura do professor e sua contribuição na formação do estudante certamente irão impactar no ingresso do jovem no mercado de trabalho. Mas não é só.

“Estamos tratando de um processo anterior à entrada do estagiário na empresa. Portanto, o que garantirá a segurança ou insegurança do profissional será sua base familiar e emocional”, aponta Nascimento.

Consultora da Career Center, Marisa Silva destaca que esses fatores devem ser levados em consideração pelas empresas na hora de contratar e delegar tarefas ao estagiário. “Alguns gestores não reservam tempo para ensinar o estagiário ou esquecem que o iniciante em uma nova atividade deve ter mais orientações e apoio. Isso pode comprometer o desempenho e a confiança entre ambos.”

Mais informados, mais ambiciosos

Segundo o Ministério da Educação, 950 mil estudantes concluem a graduação anualmente no Brasil nas mais de duas mil instituições de ensino superior existentes. Há dez anos eram 350 mil graduados ao ano. O acesso à universidade e à informação, sem dúvida, torna os jovens mais competitivos, afirmam consultores. E mais ambiciosos também.

Todavia, é preciso cautela. Segundo o consultor Renato Grinberg, na ânsia por construir uma carreira rápida, muitos jovens atropelam as regras básicas de convívio no trabalho e ignoram a hierarquia organizacional. “Há uma expectativa muito grande em se tornar gestor rapidamente, mas o profissional júnior peca muito na parte comportamental. Atendem ao celular durante as reuniões; não cumprem horários.”

Do mesmo modo, as empresas devem se adaptar ao novo estilo de trabalho dos jovens, sublinha Grinberg. “O jovem gosta de desafios. Em vez de um projeto, talvez seja interessante envolvê-lo em dois ou três. Isso torna o dia a dia mais variado, menos rotineiro. E desperta mais interesse.”

Os consultores de carreira consultados nessa reportagem dão nove dicas aos jovens que estão a um passo do mercado de trabalho:

1. Invista no autoconhecimento. Conhecer seus pontos fortes e fracos é fundamental na construção da carreira;

2. Participe de grupos de discussão on-line ou presenciais que tratem de temas ligados à sua área;

3. Aproveite todas as atividades extracurriculares promovidas pelas instituições em sua área de estudo, laboratórios, atendimento à comunidade, dentre outras;

4. Pesquise sobre a empresa antes de se candidatar à vaga desejada e prepare-se para o processo seletivo;

5. Se possível, atue como voluntário em instituições voltadas ao seu campo. Além da experiência, é uma oportunidade de incrementar o currículo;

6. Participe de palestras e feiras que abordem temas ligados à área em que deseja atuar;

7. Busque informações sobre o mercado de trabalho; converse com profissionais da área. Eles poderão lhe ajudar a entender melhor como será sua rotina profissional;

8. Tenha em mente que é você quem deverá resolver os problemas da empresa, não o contrário. Mas se precisar, peça orientação;

9. Construa e conserve sua rede de contatos. Muitas vagas não são divulgadas no mercado, mas ocupadas por indicação.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Um olhar na Juventude

A temática da sustentabilidade e de respeito aos limites ambientais, somada a uma visão de perspectivas mais tentadoras para a solução de problemas encontrados em nossa sociedade, como a falta de mobilidade, poluição, substituição da alimentação fraca em nutrientes por uma alimentação orgânica e nutritiva, como forma preventiva de se evitar doenças, bem como um posicionamento em direção a uma cultura de paz foram fatores que conquistaram a juventude, a classe média e boa parcela das nossas metrópoles e capitais”.
Tiago Franco Toledo
Coordenador Político da JPS Nacional



Terminada a fase de coleta (contribuições publicadas) na Tribuna de Debates do PPS e demais ferramentas (Grupo no Facebook, etc) para que a Comissão de Sistematização reúna elementos suficientes que nortearão a Tese Congressual, é preciso estimular uma nova fase, pugnando que no bojo dos assuntos tratados, dentro dessa riqueza de matizes de temáticas (majoritariamente pugnando um novo modelo político partidário e de sua relação com a neo-cidadania) que as bases modificativas defendidas pela Juventude, notadamente, estejam homenageadas no trabalho.

Lançamos o movimento Sou + PPS onde pretendíamos debater os rumos de nosso partido ainda no passo que se passou, fizemos um documento político que falava de posições sobre todos os aspectos deste país. Texto elogiado mais não utilizado, então acho que, falo por todos nós quando digo termos capacidade de contribuir mais que queremos ser ouvidos e não simplesmente usados para referendar,fico muito feliz de ver que estamos com o sentimento de reformulação onde existe a abertura para refundar nossos idéias num mundo moderno”, - Raquel Dias, Coordenadora de Movimentos da JPS Nacional.

Particularmente, publiquei contribuição na Tribuna, e ao abordar especificamente a nossa Juventude Partidária, chamando atenção de que os jovens protagonistas reformulem o aspecto (já superado) de um exaustivo embate de forças no falido movimento estudantil brasileiro, materializada nos aparelhos da UNE, UEE, etc, e vislumbremos em uma vanguardista visão no que tange a novas formas de organização e participação de uma juventude que pragueja contra a política e os partidos.

Esta crítica é oportuna e muito necessária, pois acompanhei o trabalho fomentado quanto a nossa (eterna) participação no Congresso da UNE, afastados os elementos que devo respeitar daqueles que defendem ainda esse tipo de atuação, há de se destacar que, muito pouco (para não ser unânime) ou quase nada agrega-se ao que ousamos construir quanto uma (nova) organização partidária.

O Movimento Estudantil teve sua sobrevida na década de 90, quando espertamente, a esquerda que detém o monopólio destes organismos, aliou-se a uma mobilização nacional, e que, intimamente foi patrocinada pelos grupos de poder e a poderosa mídia nacional, no sentido de desnudar Fernando Collor de Mello, do cargo de Presidente da República.

De lá pra cá, o ME em nada contribuiu para os grandes debates ou na defesa nacional de reformas estruturantes, ao contrário, como parcela da esquerda ascendeu ao poder no Governo Federal, o engessamento robusteceu, o controle ganhou contornos de um ‘mensalão estudantil’, e certamente estas estruturas não representam sequer um décimo de brasileiros que estão nos bancos do ensino superior, pelo menos, não do ponto de vista democrático e participativo, vive-se de uma história, que a cada geração ignora estas formas de representação, tanto é fato, que para muitos deles estes órgãos servem tão somente para confeccionar a Carteira Estudantil, a qual dará descontos em eventos e atividades culturais (ou acesso a tarifas diferenciadas no transporte público).

Reforçando o equívoco destes esforços, lanço ainda mais indagações, do que é uma agenda dos jovens, ou o acatamento de diretrizes hierarquicamente ascendentes dentro da estrutura partidária que determinam a pauta política da nossa franzina juventude, exercendo assim o controle, tanto na condução programática afeta a esta, quanto o mando estrutural ou de recursos (estes últimos obras de ficção dentro do PPS).

É fato, se defendemos um novo partido, os jovens militantes devem debruçar-se e erigir uma nova Juventude, que esteja interligada as necessidades e preocupações desta classe de cidadãos, inter-relacionando nas esferas já consolidadas (tanto no âmbito virtual, como nos organismos reais) construídos na sociedade.

E o que parece é que nossa gloriosa Juventude, desmobilizada e ausente nas discussões que vão se transformar nos basilares vivos para a uma possível mudança no Partido (com excepcionais exceções), contribuiu para o seu afastamento na agenda partidária e acima de tudo, na tímida (em alguns casos, inexistente) influência nos espaços de poder dentro do PPS.

Dois aspectos podem ser levantados, o primeiro, é o processo natural do qual os partidos estão vivenciando, onde a geração mais jovem já não se vê mobilizada dentro de uma agremiação política, e segundo, aos que se aventuram por este caminho, o tempo se encarrega de frustrarem e acabam por sucumbirem ao ceticismo (a cultura de que tudo permanecerá como está), portanto, preferem optar pelo silêncio e indiferença, apagando o período mais intenso de produção (intelectual) e na articulação política, bem como o trabalho voluntário realizado para fortalecer o sentido de todas as bandeiras e princípios incutidos na agremiação política, ferramentas que num passado já saudosista, embalavam os núcleos eminentemente jovens nos Partidos que lutavam por um Estado Democrático de Direito e propostas modificativas em um país de exceções. Eis aqui, uma escola de cidadania viva que foi abruptamente extinta, dando lugar para os profissionais da política e os agentes de mandatos personalizados, focados tão somente para o próximo pleito.

O partido realmente tem essa séria dificuldade em perceber a importância da juventude para a construção das políticas atuais, deixando-nos a mercê da nossa própria sorte e sem o cuidado necessário de estabelecer com a juventude um pacto que capacite-nos para buscar compreender a realidade atual que é fruto das manifestações políticas do passado. É absolutamente incrível que em nosso partido se pregue a educação para todos, de modo universalizante, capacitante e que possibilite a oportunização a todos de condições para se inserir socialmente e economicamente na sociedade e por outro, deixar a sua própria juventude míope em relação aos problemas que nos atingem cotidianamente que terão reflexos futuros na vida dos jovens de hoje” (Tiago Toledo).

Pugna-se na Juventude Popular Socialista, uma nova relação entre Partido e sua Juventude, um ato grandioso dos jovens socialistas e que mereceria, no mínimo, uma profunda reflexão com vistas ao nosso XVII Congresso Nacional, até porque faz todo o sentido pautarmos essa discussão, dada a ampla citação sobre a Juventude e uma nova proposta partidária em diversos documentos publicados no nosso Fórum de Debates.

Na contribuição, procurei pontuar em linhas gerais, que a Juventude Partidária como instância participativa da mobilização política precisa ser repaginada. Precisa por que, está mais do que claro que, se antes sua influência se dava essencialmente sobre os movimentos sociais – mais especificamente, no estudantil universitário –, hoje esta se dá diretamente sobre o indivíduo, sem necessariamente estar vinculado a um outro movimento.

Para o marketerio Fernando de Holanda, também conhecido como Dukah, que é um jovem militante político, diz que é neste sentido que a tal repaginação da Juventude Partidária se daria. “Não só a juventude é verdade, mas qualquer outro movimento, sindicato, associação classista ou qualquer coisa que o valha. Falo especificamente da Juventude por que, primeiro, me identifico com ela e, segundo, por que, em teoria, tem a base mais ‘conectada’ dentre as citadas.

No entanto, o que se vê hoje não é bem por aí. Parece que alguns segmentos da jovem classe política ainda não atentaram que há um caminho alternativo ao movimento estudantil e às lideranças comunitárias. Um perfil que teoricamente tanto se revoluciona, ainda não percebeu que a revolução da comunicação atinge diretamente sua mobilização”.

Entendo que devemos avançar no que se refere por militância de juventude, acredito que estaremos transformando a realidade político partidária, aliando-nos aos movimentos e organismos sociais, dos quais nos distanciamos, quando assinarmos um pacto para o desenvolvimento e a construção das diversas formas de lideranças (portanto não apenas a juventude, mas mulheres, sindicalistas, movimentos sociais, etc),

Sempre comunguei que a nossa juventude deveria atuar em diversas esferas, das quais outros organismos partidários carecem de atuação dado a verticalização hierárquica que os mesmos sofrem profundamente, exemplificando, as nossas ações devem focar conquistas verdadeiras e na obtenção de direitos, em sensível sintonia com nossas bancadas parlamentares, ou representantes nos executivos, incrementando de forma inegável um contingente bastante considerável de brasileiros e que ainda tem poucos ganhos no que tange as políticas públicas. Em fato recente, a Juventude mobilizou (praticamente no campo virtual) a articulação e a pressão política que redundaram na aprovação pelo Congresso da PEC da Juventude, uma conquista coletiva, mas eminentemente creditada a JPS.

Temos então um grande desafio, participar ativamente na discussão interna, estimulando que um número crescente de jovens corroborem nos documentos que estão amplamente abertos nos canais de comunicação do PPS, e paralelamente a isso, formarmos um corpo uníssono de pressão, exercendo assim a transformação que queremos de nosso Partido, mas que se inicia, forçosamente, dentro de todos nós.

Florianópolis, 1º. De Agosto de 2011.

ALISSON LUIZ MICOSKI
Secretário de Mobilização da Juventude
Comissão Executiva do PPS-SC

domingo, 31 de julho de 2011

As radicais e urgentes transformações introspectivas para o XVII Congresso Nacional

Muito está sendo discutido e mencionado, que o Partido vem construindo um caminho para erguer uma proposta ousada e de vanguarda, estabelecendo assim, no seu XVII Congresso Nacional, milito, como diversas companheiras e companheiros, no trabalho propositivo e que realmente se torne um audacioso divisor de águas.

Deflagrado o processo de construção das linhas mestras no documento que norteará o conjunto de proposições e ideários, do que poderá ser essa nova agremiação política, que tem em sua primeira ordem o PCB, posteriormente nosso atual PPS, como vigorosos alicerces, dos quais herda-se este novo estuário político partidário, nos defrontamos na salutar e necessária arena dos debates pré-congressuais.

É impossível partirmos para uma revolução (sob o aspecto modificativo) com vistas a estabelecer uma nova aliança com o Brasil, defendendo mudanças basilares e estruturantes na nossa República, sem, contudo, voltarmos nossas atenções a crônica e preocupante falência das estruturas político/partidárias do Brasil, incluindo aqui o próprio PPS.

Aliás, o Maurício Huertas já havia lançado suas preocupações, mencionando que a atual crise que vivemos é a mais grave, por todas as mudanças que estão em jogo no cotidiano da política-partidária e no cenário eleitoral brasileiro. “Estamos sem rumo, sem discurso, sem conteúdo, sem unidade, sem direção”, e ousou denunciar que o mais incauto dos militantes sabe, de que nossa máquina partidária está cada vez mais se prestando, em sua mais ampla maioria, a manutenção ou ampliação de feudos, “disputando a tapa os diretórios municipais como lotes de suas propriedades, que lhe servirão em 2012 e em 2014, eleitoralmente, aqui ou em qualquer outro partido. Não são PPS. São eles mesmos”, e sentenciou: Estamos sem rumo, sem discurso, sem conteúdo, sem unidade, sem direção.

Giuseppe Vacca, citado por Alberto Aggio, no diz que quando uma época termina se não conseguirmos pensá-la com conceitos novos, diferentes daqueles que capturaram a mente de quem a viveu, das duas uma: ou não é verdade que ela terminou, ou quem continua a representá-la com os conceitos do passado talvez não saiba, mas na realidade morreu intelectualmente com ela” (Por um novo reformismo. FAP/Contraponto, 2009, p. 160).

Indiscutivelmente, não há como se desassociar as alardeadas mudanças substanciais no sistema, se de forma recorrente há utilização destes mesmos instrumentos corroídos e caquéticos no âmbito da dinâmica partidária, e onde a maioria dos brasileiros sente a indiferença na sua cidadania, quanto a participação política dentro dos partidos.

“O PPS tornou-se um partido despreparado politicamente para recuperar, recompor ou ampliar suas bases sociais e intelectuais, o que resultou na sua fragilidade notável para a competição política que essa nova fase democrática do país supunha. Por essa razão, o PPS nasce residual e mantém-se num movimento inercial, carregando ainda em seu seio e em seu nome uma noção de socialismo que não consegue ou não é capaz de precisar. Essa grande desorientação de fundo, expressão da ausência de um “núcleo dirigente novo”, acaba por fazer o partido girar erraticamente ao sabor das conjunturas, sem estabelecer os princípios e os termos de sua razão de ser, comprometendo o seu “dever ser”. Nesse curso, o PPS apenas agregou – e, muitas vezes, perdeu – lideranças políticas e sociais sem que isso significasse um adensamento significativo do seu corpo e uma iluminação da sua alma, a despeito da qualidade e empenho de seus dirigentes e militantes, bem como de algumas experiências pontuais virtuosas”. – Alberto Aggio

Fortalecimento e respeito a democracia interna
O PPS, ou a estrutura partidária que lhe for sucedânea, deve sempre pugnar (e vigiar-se) pelo fortalecimento, respeito dos trâmites e exaustiva utilização dos processos democráticos, transparentes e universalmente existentes no arcabouço legal e jurisprudencial do Brasil, como forma de manter sua proposta de radicalidade democrática.

Os embates, bem como a dinâmica política, dentro de suas proporcionalidades, servem para nortear os caminhos decisórios, porém, sem a devida construção dos caminhos estabelecidos pelo próprio Partido, através de seus Congressos, documentos partidários e instâncias de deliberação, podem levá-lo a cair na vala comum das siglas existentes, que em sua quase totalidade, regem-se pelas conveniências e a exigência para se contemplar determinados grupos ou figuras personalizadas, a perpetuação (ou manutenção de feudos de poder) e assim, frustrar-se quanto a uma nova proposta neste tão comprometido cenário da política mundial.

Igualmente, devemos trabalhar para alcançarmos mecanismos que de fato transformem a ordem estabelecida e que há tempos mantem-se na inércia, dando assim, necessária dinâmica e alternância, esta ultima, aliás, defendida na nossa recente atuação eleitoral, quando nos propusemos neste exercício democrático e saudável ao Brasil.

Indiscutivelmente, cabe ao conjunto trabalhar para alcançarmos um novo modelo organizativo, uma proposta de gestão administrativa transparente e ágil, e acima de tudo, uma condução amplamente democrática e em respeito aos escaninhos pacificados de nossas instancias.


Uma formação partidária mais ampla e consistente deve voltar ao debate
Em linhas bem resumidas, é notória a expressão ‘mudança’ e ‘nova proposta’, ou um entendimento mais completo, como a empregada tão apropriadamente por Moacir Longo em seus escritos, ‘a necessidade de se construir uma nova formação político-partidária’.

“Com esse passo de caráter orgânico, constitutivo de um novo partido comprometido com a ética na política e com a eficiência na gestão pública, é preciso que essa entidade seja portadora de um projeto diferenciado de tudo que temos no atual cenário político nacional.dar esses novos passos na construção de uma formação partidária mais ampla e na formulação de um programa objetivo de mudanças, não conseguiremos interromper o declínio que o nosso partido vem experimentando, claramente demonstrado nas seguidas quedas de votação e redução da nossa influência no processo político” – Moacir Longo.

Exatamente nesta transformação do papel orgânico partidário que devemos voltar um pouco o debate, paralelamente as diversas contribuições que ricamente farão parte do conjunto programático da Tese Congressual.

E se o primeiro passo para enfrentar esse desafio é entender que a sociedade humana, cada vez mais complexa em suas formas de organização interna, e cada vez mais conectadas com outras realidades e culturas em âmbito planetário por conta da revolução cientifica, das inovações tecnológicas e da informação, vivenciando de formas diferentes problemas comuns, como a cruciante questão do meio ambiente, que exigem das forças políticas, de Estados e dos indivíduos novas formas de relacionar-se com a natureza. Tem-se então, como o estabelecido por Freire, em sua expressiva contribuição nos documentos congressuais, que o desafio da esquerda democrática não é apenas refundar-se. É construir uma nova forma de articulação com a sociedade, superando a função tradicional dos partidos políticos - mesmo que ainda preservando a institucionalidade de representação - buscando incorporar os diversos movimentos que se articulam no seio da sociedade, transformando-se em um “partido-movimento”, aberto às lutas difusas e dispersas no corpo social, pela ampliação do processo de liberdades democráticas e de igualdade social.

Mesmo assim, esta institucionalidade, que provém dos mais remotos tempos da nossa vida política, deverá, no meu entendimento, ter profundas modificações, tendo a vontade inerente de projetar para um novo pacto de estruturação partidária, latente entre aqueles que vivenciam o Partido, e das mais diversas formas de organismos que hoje constroem seu trabalho afastados da vivencia partidária, focando nos direitos inerentes ao conjunto, ou parcelas, da nossa população.

Se o papel do Estado é desmontar o aparelhismo e as formas viciantes que trouxeram uma temerária crise institucional quanto ao exercício da cidadania democrática, é dever dos institutos partidários alcançarem com estas imprescindíveis reformas, desde logo, estabelecer para si o compromisso das mudanças internas e estruturantes da forma esgotada e débil com que se tornaram.

É desafio para o PPS superar a contradição recorrente entre a sua vocação histórica como partido que deseja mobilizar a sociedade para fazer mudanças estratégicas e sua prática orgânica, política e eleitoral destituída de critérios efetivamente condizentes com suas ambições de longo curso (Edgard Leite).

Para empolgar os contingentes sociais – como é o caso da juventude – despertados para a possibilidade de uma nova via alternativa, o PPS precisará estar à frente das propostas que, de fato, interfiram nas mudanças das principais matrizes produtivas brasileiras. A tarefa central da esquerda democrática é tornar-se um movimento aberto à participação dos mais diversos segmentos com suas demandas e bandeiras e tornar o Estado um instrumento de transformação das condições de vida, garantindo-se a mais ampla liberdade na busca da mais efetiva igualdade.

Mas como levantar estes aspectos descritos por Leite e Freire? De quais formas esta nova proposta partidária, ambicionará ter êxito com estes segmentos?

Acredito que de forma ampla e modificativa, esta construção parte necessariamente do que entenderemos a partir do estabelecido no documento, demais atos políticos que aprovaremos no Congresso e o pacto formulado entre a militância.


Ruptura do processo burocrático e dislexia da organicidade partidária
Percebe-se há tempos que a estrutura partidária deixou seu caráter propositivo, articulada em uma visão construtiva para uma esquerda democrática, desenhada por Roberto Freire o qual pontua que será esta esquerda que terá como tarefa fundamental, catalisar todas as forças sociais, hoje dispersas, em um amplo movimento reformista, impondo ao Estado no relacionamento com seus cidadãos e com outros Estados, uma pauta centrada no desenvolvimento econômico ambientalmente sustentado e equânime na distribuição da riqueza, única forma eficaz de superar a catástrofe das guerras.

E mais, a esquerda democrática deve reconhecer que os diversos segmentos sociais, articulados em rede começam a ser cada vez mais sujeitos responsáveis pela implementação de mudanças de base, na esfera da vida real, cotidiana, cabendo-lhe articular-se com eles e quem sabe experimentar os embriões das futuras representações políticas da cidadania.

O processo, portanto, deve ser compartilhado pelo conjunto de forças do Partido (militância, dirigentes, detentores de mandato), e assim, estabelecida as diretrizes que nortearão o trabalho, para que possamos, a luz do que o Aggio defende, pensar também como um organismo da sociedade civil, aberto aos interesses de amplos setores sociais, sempre traduzidos em interesses compreendidos democraticamente no sentido progressista e humanista, e ser também um partido que não fale apenas da política, no sentido acima apresentado, mas que fale e se abra à reflexão sobre temas como a real emancipação e liberdade das mulheres, as questões transversais que marcam as novas subjetividades, as perspectivas da sustentabilidade de uma nova economia, etc. Pensando como um organismo inovador e pluralista que abra espaço e amplie o dialogo e a expressão cultural junto aos novos e emergentes sujeitos sociais. Isto porque a dinâmica de mudanças que ocorre em todos os planos da vida no mundo de hoje contradita inevitavelmente os elementos definidores ou estabelecidos da ordem política democrática, especialmente quando se evidencia a crise do Estado Nacional e das suas estruturas de direitos, montadas no correr do último século.

Desarmar um entruncado sistema com o qual o Partido ainda convive, é prova de que o aspecto modificativo interno é anterior a qualquer forma que venhamos justamente defender para nossa Nação.

Fóruns permanentes de discussão e aprimoramento na relação Sociedade-Partido-Mandato-Militância-Partido-Sociedade, bem como, criação de organismos que fortaleçam a aproximação com a sociedade civil organizada e os movimentos sociais, se fazem necessários. Desburocratizar o exercício dos mandatos, dotando os gabinetes, as estruturas respectivas, de agentes que promoverão a interlocução entre os mesmos atores é de fato, uma busca constante para que nosso Partido se aproxime, mesmo que ainda timidamente, na “ampliação dos espaços de participação dos cidadãos e a dividir com a cidadania organizada as responsabilidade do Estado” (Demétrio Carneiro).

Portanto, aqui defenderei, dentre o conjunto que existe já no Fórum de Debates quanto a redes, estruturas virtuais, etc, a criação física dos organismos associativos de nossos detentores de mandato, (Associação de Prefeitos e Vices; Associação de Vereadores e a Associação de Deputados Estaduais e Federais), fortalecendo exatamente nossa percepção quanto a agentes próximos aos segmentos, desenvolvendo para o conjunto partidário, formas de atender, nos aspectos pertinentes, as demandas da militância, dos organismos de cooperação, dentre outros. A riqueza de experiências e a a constituição de um importante banco de dados, organizado e eficiente, poderá, a médio prazo, diferenciarmos no exercício do mandato, além de valorização do trabalho público realizado.

Há também de se destacar a distancia de inúmeros agentes que estão nas estruturas dos mandatos e sequer vivenciam (nem de forma eventual) a política partidária, muitos tem dificuldade na leitura de quais as propostas o Partido defende, ou das pessoas envolvidas na dinâmica partidária, e que exercem um importante papel, até mesmo na colaboração dos mandatos. Devemos trabalhar para um exercício co-participativo do ora mandatário, com aqueles que são servidores, e isso é uma realidade recorrente. É parca a articulação entre mandatários e Partido, com raríssimas exceções.

Defendemos então, perante a sociedade, a Justiça, que o mandato é do Partido, mas de lá para cá, pouca coisa mudou, as estruturas administrativas e do exercício do mandato continuam tímidas frente as demandas da agenda partidária, que vem, certamente a esta gama de anseios da sociedade.

Para muitos dos quais estão no exercício da função pública, o aparato está ali para servi-los como agregador e catalisador eleitoral, dos nichos de poder, e eventualmente (ou quase nada), uma construção coletiva do mandato onde os atores eleitos e partido interagem periodicamente.

Abrindo esta perspectiva, poderemos avançar e minimizar os feitos da burocracia, pois os mecanismos que existirão no campo virtual, virão ao encontro destas estruturas associativas com objetivo no fortalecimento da questão local, do parlamentarismo e da radicalidade democrática.

Administração, transparência e planejamento estratégico
Não cabe apenas a Direção Partidária promar pela saudável administração da máquina partidária, mas virá da mesma, os aspectos que conduzirão o processo que deve redundar no fortalecimento das políticas do PPS, bem como, utilização racional dos recursos provenientes para os objetivos/fins.

Cobramos de forma sistemática a transformação estatal, em modelo de gestão eficiente, que produza as políticas públicas com foco a otimização e resultados reais para a coletividade, mas devermos amadurecer igualmente nosso entendimento do que pensamos sobre a administração e as várias formas que respaldam o trabalho político partidário em prol dos no próprioobjetivos estabelecidos Partido, temos então de que, se o sistema administrativo brasileiro é preponderantemente paternalista, dependente do ambiente político externo" (Graham, 1968:61), da mesma forma nossa estrutura administrativa é o espelho deste dependentismo.

Espelho em escala menor o Partido Político agregou ao longo da história aspectos similares da estrutura administrativa encontrada na ordem pública, e de cunho cultural do brasileiro onde o patrimonialismo característico da nossa sociedade, e que, por extensão, permeia a administração pública nacional, é decorrência, basicamente, da concepção brasileira de que o Estado seria extensão da família. Sérgio Buarque de Holanda (1948:211 e 212) faz referência à preponderância da família patriarcal na história do Brasil e, associando-a à dificuldade para a prevalência da impessoalidade na administração pública pátria, escreve o seguinte:

"No Brasil, pode-se dizer que só excepcionalmente tivemos um sistema administrativo e um corpo de funcionários puramente dedicados a interesses objetivos e fundados nesses interesses. Ao contrário, é possível acompanhar, ao longo de nossa história, o predomínio constante das vontades particulares que encontram seu ambiente próprio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal. Dentre esses círculos, foi sem dúvida o da família aquele que se exprimiu com mais força e desenvoltura em nossa sociedade. E um dos efeitos decisivos da supremacia incontestável, absorvente, do núcleo familiar – a esfera, por excelência, dos chamados "contactos primários", dos laços de sangue e de coração – está em que as relações que se criam na vida doméstica sempre forneceram o modelo obrigatório de qualquer composição social entre nós. Isso ocorre mesmo onde as instituições democráticas, fundadas em princípios neutros e abstratos, pretendem assentar a sociedade em normas anti-particularistas" (Holanda, 1948:213).

A figura consangüínea e parental é substituída, em um passado recente, por outros atores que permeiam a engenharia administrativa partidária, primordialmente a aqueles que de alguma forma, estão intimamente ligados na conquista do mandato, descartando assim, outros elementos, os quais identicamente a premiação de espaços em cargos nas estruturas, exerce manutenção do organismo partidário, e que atuam exatamente para empolgar os contingentes sociais, como é o caso da juventude, órfã desde o final do estágio da redemocratização brasileira, e que devem ser espertados para a possibilidade de uma nova via alternativa. Fazendo coro ao que Edgar Leite já mencionou em seus manuscritos, e colocando ainda mais o dedo na fratura exposta do Partido, para que o PPS esteja à frente das propostas que, de fato, interfiram nas mudanças das principais matrizes produtivas brasileiras (energia, transporte, agricultura, educação, ciência e tecnologia) com vistas a um novo modelo econômico e a busca da verdadeira sustentabilidade do desenvolvimento, é inegável transformar radicalmente a atual realidade das agremiações, com o fraco desempenho dos partidos e seus líderes, os quais contribuíram para a emergência de uma pletora de movimentos sociais, organizações cívicas alternativas, e nas crescentes mobilizações, desatreladas a qualquer indutor partidário, sepultando o protagonismo e o caráter formador associado ao fortalecimento da cidadania democrática e partidária.

A crescente individualização e proximidade orbital aos que tão somente atuam na mantença do mandato bastam para ocuparem postos ou funções na máquina partidária ou como agentes públicos, empobrece assim, cada vez mais o caráter coletivo e de aglutinação, e serve unicamente a esta manutenção (ou ampliação) de mandatos, uma pobreza cívica compartilhada pela totalidade dos partidos políticos existentes no Brasil. O fisiologismo impregnou nossa estrutura, temos que ter maturidade e coragem suficientes para estabelecer profundas mudanças, sob pena de, em não fazendo, decretar a falência múltipla de todo o nosso organismo partidário. Assim, cada vez mais o mandato torna-se caro, as disputas eleitorais transforma-se muito mais nos valores arrecadados (e que podem tanger para outros não contabilizados) do que um debate de idéias e propostas de trabalho público azeitado com o apoio da mlitancia e do partido, os quais por si só não são fatores para a vitória, mas que de forma inegável, contribuem decisivamente para a ampliação do capital eleitoral ora em disputa.

"Politicamente a distância existente entre as normas e as práticas era explicada pela existência da política de clientela. Toda a estrutura da política brasileira tinha como foco principal arregimentar a maior quantidade de apoiadores políticos os quais, posteriormente, exigiriam, em troca, recompensas e empregos. Sob estas condições, seria ficção pensar em um serviço público baseado no mérito e de caráter imparcial" (Graham, 1968:89).

Se a Administração Pública deve atender o cidadão na exata medida da necessidade deste com agilidade, mediante adequada organização interna e ótimo aproveitamento dos recursos disponíveis, identicamente é verdadeiro então que a estrutura partidária venha a atender o conjunto de filiados, organismos de cooperação, núcleos, militantes nos diversos segmentos da sociedade e de movimentos, e demais agentes públicos que estão no exercício do mandato, ou das respectivas funções, em nome do Partido, para que este conjunto partidário vivo, alcance os objetivos e permeie em todos o significado de democracia partidária e participação popular.

É fundamental que os agentes que exerçam posições de chefia estabeleçam programas de qualidade de gestão, definição de metas e resultados, enfim, critérios objetivos para cobrar de seus subordinados Eficiência nas relações funcionais internas dependerá a eficiência no relacionamento mandato/militância/sociedade/mandato.

Segundo José Afonso da Silva (citado por VETTORATO, 2003, p. 4), a Administração é atingida "pelo melhor emprego dos recursos e meios (humanos, materiais e institucionais), para melhor satisfazer às necessidades coletivas num regime de igualdade de usuário" (grifo nosso).

O princípio da eficiência abarca tanto a eficiência na prestação dos serviços como a eficiência na organização e aproveitamento dos recursos, inclusive os humanos. Em qualquer caso, podemos observar, ainda, que a eficiência é dirigida ao alcance do bem comum, ou seja, ao atendimento das necessidades da sociedade.

Militância desmobilizada e desmotivada
Anivaldo Miranda e Arnaldo Jordy, na contribuição ao debate no PPS, transcorreram de forma primorosa o que entendem ser uma estratégia equivocada do Partido, que deixa de apostar nos seus objetivos programáticos e na difícil construção de um caminho alternativo, capaz de dar sustentação a esses objetivos programáticos, para privilegiar táticas de duvidosa eficiência destinadas a facilitar o crescimento das bancadas parlamentares do partido mediante a abertura indiscriminada de suas portas e importação de políticos que, na maioria das vezes, não tinham qualquer identificação com o próprio PPS. E esse continuado (e presente) efeito que vem produzindo o desmantelamento de nossas atividades na militância, a dramática luta dos organismos na construção de trabalhos que aglutinem, de forma continuada e em articulação ao caráter formador que devemos inaugurar no PPS, a construção de lideranças (ou disposição destas em se perfilarem a nosso Partido), ou ocupação de espaços junto a sociedade, como forma de estabelecermos um novo pacto com as pessoas que detém liderança e condução nas atividades afetas a política partidária, para que elas sintam-se motivadas a perfilarem numa agremiação como forma de ampliar o conhecimento e o trabalho realizado pelas mesmas.

“E é esse caminho fácil para o crescimento partidário, mediante a inchação do partido, soluções “pelo alto” e a procura de “atalhos” para a chegada ao governo, de um lado, e a perseguição de um projeto estratégico de poder, inspirado no compromisso histórico de mudar a sociedade brasileira, de outro lado, que o PPS mergulhou há tempos em profunda crise de identidade. É essa crise que explica a rotatividade de sua militância, a sua estagnação política e a instabilidade do seu crescimento, com avanços e recuos que o condenam cada vez mais a um papel secundário no cenário político nacional”. (Anivaldo e Jordy).

Como afirmado pelos autores acima citados, numa democracia, se bem conduzida, a prática oposicionista pode ser elemento de crescimento e não de definhamento ou estagnação, e o PPS insistentemente consegue propor-se na sua autofagia administrativa, aliado ao desmantelamento estrutural, deixar este estágio de inanição mais acelerado.

Portanto, para uma nova proposta partidária, um novo modelo de Partido, requer sejam estabelecidas urgentemente, uma nova forma administrava, gerencial e profundamente orgânica, estabelecendo entre os agentes que conduzirão este processo, juntamente aos diversas instancias partidárias uma proposta uníssona, modificadora e que alavanque as urgentes transformações que tanto estamos pregando.

Não podemos confundir liberdade de convicções e pensamentos, com os compromissos e o respeito a ordem partidária pré-estabelecida em nossos documentos, fóruns deliberativos e quaisquer outras maneiras que garantam a exteriorização do que apregoamos para o Brasil, respeitar o caráter pessoal deve estar, forçosamente ligado ao mesmo respeito coletivo e organizacional do ponto de vista partidário, por isso todos nós filiados, acatamos e defendemos os mandamentos pacificados no Partido.]


O caráter formativo e a potencialização na nova militância
Se ser protagonista, e superar sua crise de identidade, mobilizando a sociedade para fazer mudanças estratégicas e sua prática orgânica, política e eleitoral destituída de critérios efetivamente condizentes com suas ambições de longo curso. Não será apostando no inchaço de suas fileiras como sinônimo de crescimento, permanecer no abandono da prática da militância junto às causas e problemas da sociedade, insistir na cooptação mecânica de figuras políticas influentes como compensação à sua inércia organizativa e subordinar seus objetivos estratégicos à celebração de acordos eleitorais meramente pragmáticos, que resolveremos a contradição entre a política e a prática partidárias. Devemos estabelecer o retorno do Partido como um operador político nacional ousado e determinado a atrair e aglutinar, no amplo espectro das forças sociais e políticas do campo democrático, aquelas capazes e dispostas a redefinir um sólido bloco de centro-esquerda comprometido com as rupturas e reformas estruturais que mudem, de fato, o caráter desigual da nossa sociedade e remetam a democracia brasileira a um novo patamar de qualidade, legitimidade e participação cidadã (O PPS e os novos desafios para o Brasil).

E esta participação cidadã, ora decadente no aspecto da militância partidária de atuação, tem como uma de suas principais causas o engessamento e a estagnação evolutiva das estruturas partidárias. Deve dar um choque profundamente modificativo no trato entre as demandas da sociedade e a própria existência partidária como importante instituto na representação democrática. Para o cientista político Vitor Sandes, a população em geral não tem incentivos para se filiar a um partido. Ele explica que o ato de filiar-se a um partido significa que você vai se sujeitar às diretrizes da agremiação. "Considerando que a ligação das pessoas à política se dá via político e não via partido, o indivíduo não tem incentivos para se filiar a um partido se não obterá benefícios diretos ou se não tem uma ligação ideológica com o mesmo", pontua.

Conseguir despertar na população o interesse em defender os ideais partidários não tem sido tarefa fácil, principalmente em uma época de descrédito em relação às ideologias partidárias, com exemplos cada vez mais evidentes de foco em personalidades, mandatos e permanência no poder.

E se, aos leigos, as siglas partidárias resumem-se a um amontoado de letras e de interesses personalíssimos, é preocupante também, a crescente indiferença e desestímulo de participação dos militantes do Partido. Se de um lado precisamos fortalecer e ampliar o número de filiados, no outro, o abandono na formação política e na valorização do trabalho partidário são as principais causas do abandono das fileiras partidárias, e onde, muitos, já não tem mais perspectivas de fazer parte de um projeto coletivo e que capilarize a atuação do Partido junto a sociedade. Ao contrário, está se tornando recorrente antigos atores na militância dos Partidos abandonares suas respectivas atuações, e engajarem-se em projetos dos organismos sociais, ambientais e de direitos, sepultando qualquer ligação com o Partido.

Em recente pesquisa, o Instituto Datafolha em parceira com a agência de publicidade Box, publicou que 71% dos entrevistados, é possível fazer política usando a rede sem intermediários, como os partidos. A pesquisa compreendeu uma fase qualitativa, a que se seguiu um painel quantitativo. Neste, foram entrevistados 1.200 jovens de 18 a 24 anos, em cidades de quatro regiões do país. "Esse jovem pensa a política de forma menos hierárquica e mostra uma descrença em relações às instituições formais, como partidos ou governo", disse Gabriel Milanez, pesquisador da Box.

Estes jovens, antenados no meio que vivem, e articuladores num papel de protagonistas, refutam o modelo existente de Partido, que estabelece, como forma de premiação de consolo, que seus jovens militantes sejam meros formadores contributivos, excluindo a capacidade de avanços nos espaços compreendidos entre estruturas de articulação do poder (Partidos) e demandas da sociedade, com bem disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
“a juventude se comunica diretamente". "Ela salta instituições".

E se promove este salto, os partidos políticos estão fadados a se extinguirem, pois tamanha é a a evolução das gerações mais novas quanto aos aspecto associativo e em rede, que os feudos agremiativos sucumbirão em décadas. A revolução tecnológica-comunicacional permite a qualquer tipo de movimento ou grupamento de indivíduos difundir suas idéias e ideiais através de formatos que atingem diretamente aqueles potenciais participantes.

“A forma partidária chegou a um esgotamento e as demandas vão se expressar de uma nova forma” - professor de filosofia da USP Vladimir Safatle.

Portanto, é preciso avançar, devemos criar uma nova identidade, onde estes nichos que vem crescendo no Brasil, de certa forma ojerizam os partidos e os políticos. Naturalmente, consolidam um papel proativo e direto, sobretudo no avanço em rede, onde o campo virtual torna-se arena de discussões, propostas e atitudes na cidadania democrática. E infelizmente, o PPS, neste atual modelo partidário, não vem obtendo êxito na construção destas linhas de ação, que serviriam a um papel muito mais completo, do ponto de vista político e de conquistas para o Brasil.

A proposta é simples, ser um canal indutor de transformações, e estabelecer a importância do instituto partido político para que as mobilizações e as demandas nos direitos sejam complementadas através da atuação política, do interesse (real e verdadeiro) para a obtenção dos resultados de uma sociedade carente de representação direta no contexto Republicano. Se tivermos este grau de sensibilidade, ao adentrarmos neste trabalho complementativo, os avanços serão progressivos para a democracia cidadã.

Um novo Partido, uma nova Juventude
Oriundo da militância de juventude partidária, dos 10 anos filiado ao PPS, completados em maio deste ano, nove, foram dedicados ao trabalho e na construção de políticas partidárias (e públicas) a juventude.

Forjado na atuação exercida nos espaços dentro da Juventude do PPS, e ciente da responsabilidade como ator orgânico do Partido, fui testemunha viva da deterioração e o indiferentismo que enraizou-se nas estruturas de comando partidário, e na total ausência de valorização dos aspectos contributivos e que redundassem numa parceria num bem maior.

Então, se defenderemos de forma convicta, e nas palavras do Maurício Huertas que se nasça um partido para a juventude e para a classe média. Sendo o PPS, o partido do jovem que está nas redes sociais e não se vê representado no movimento estudantil oficial, nas instituições que viraram fábricas de carteirinha escolar e que só funcionam como máquinas arrecadadoras de verbas governamentais. Precisamos discutir de forma ampla e irrestrita um necessário e audacioso pacto com esta mesma juventude que milita em nosso Partido.

Venho acompanhando com pesar o definhamento da estrutura orgânica, que teoricamente deveria aglutinar jovens, mobilizar militâncias que cumpririam um papel de co-participação e pro-atividade dentro do Partido (no campo dos movimentos, inseridos em projetos sociais, em lutas por direitos, nos organismos de representação da sociedade civil, dentre outros), afiançados por uma visão moderna, aglutinativa de nossos dirigentes e detentores de mandato, os quais, sabedores das dificuldades em tempos atuais, é um trabalho praticamente heróico defender nos campos existentes uma consciência política e partidária.

O paternalismo que já citei, é incrivelmente mais sensível nesta relação umbilical e de dependências, onde a proposta de se construir caminhos possíveis, como forma de enriquecer as perspectivas de penetração de nossos princípios junto a sociedade, transformam-se em peregrinações e martírios em busca de migalhas, estas mesmas, dadas como se fossem um grandioso favor, então, nos deparamos com um tumor partidário, onde a militância organizada, e que procura servir aos princípios e políticas do Partido, obrigam-se a este papel que assimila-se a mendicância por apoios a um projeto que deveria ser mais coletivo e programático no que tange um Partido que diz querer ter um novo olhar em seu papel institucional.

Mas entendo igualmente que a Juventude Partidária como instância participativa da mobilização política precisa ser repaginada. Precisa por que, está mais do que claro que, se antes sua influência se dava essencialmente sobre os movimentos sociais – mais especificamente, no estudantil universitário –, hoje esta se dá diretamente sobre o indivíduo, sem necessariamente estar vinculado a um outro movimento.

Para o marketerio Fernando de Holanda, também conhecido como Dukah, que é um jovem militante político, diz em artigo que é neste sentido que a tal repaginação da Juventude Partidária se daria. “Não só a juventude, é verdade, mas qualquer outro movimento, sindicato, associação classista ou qualquer coisa que o valha. Falo especificamente da Juventude por que, primeiro, me identifico com ela e, segundo, por que, em teoria, tem a base mais “conectada” dentre as citadas.

No entanto, o que se vê hoje não é bem por aí. Parece que alguns segmentos da jovem classe política ainda não atentaram que há um caminho alternativo ao movimento estudantil e às lideranças comunitárias. Um perfil que teoricamente tanto se revoluciona, ainda não percebeu que a revolução da comunicação atinge diretamente sua mobilização.

Para mim, está mais do que claro que a Juventude Partidária é uma instância que, ao comunicar-se diretamente com seus potenciais filiados, perceberia os resultados sociais de suas articulações muito mais imediatamente do que através de suas influências nos demais movimentos sociais. Neste sentido, além de permitir a sobrevivência e independência de movimentos essencialmente representativos, como é o caso do estudantil, estaria elevando seu respaldo junto a sociedade”.

Dukah ainda prescreve o que seria, linhas primárias para a concepção de uma nova estrutura de juventude partidária, o que, no meu entendimento, deveria ser implementada nessa nova proposta que queremos construir, então vejamos:

1. Identificação.
Que tipo de Juventude Partidária somos? Devemos nos certificar de que de que todos os atuais integrantes compreendem o sentido de estarem ali e, principalmente, não a entendam como uma porta de entrada ao mundo do Poder.

2. Divulgação.
Devemos dizer à sociedade que existimos. Promover, tal qual um produto. Publicações, promover, articular. Nada melhor do que a Internet para fazer isso. Um bom website é um excelente início. A reboque, comunidades de relacionamento, listas de discussão, fóruns, eventos, publicações, artigos em veículos de comunicação.

3. Convite.
Algo é forte quando tem o tal respaldo social. Para isso, é preciso atingir quantidade e qualidade. Dois bons pensadores sozinhos fazem pouco barulho.

4. Estabelecer metas.
Quantos participam hoje? Quantos podem participar? O que se deve fazer para “chegar lá”? Aonde queremos chegar? Devemos Transformar os objetivos do órgão de cooperação em atitudes concretas, cronograma e acompanhamento do desempenho.

5. Desenvolvimento.
Um bom planejamento sem execução é apenas um lindo pedaço de papel. Devemos atribuir e distribuir as responsabilidades entre os participantes. Devemos cobrar, estabelecer prioridades, tendo sempre um grande tema em voga.

6. Comunicação.
Fazer com que todos os acontecimentos cheguem ao mais remoto dos participantes ou potenciais participantes.

7. Avaliação, avaliação e avaliação.
A última etapa do ciclo é avaliar antes de fazer de novo, para não fazer errado. Devemos medir a participação, consultar opiniões, solicitar que sugestões sejam desenvolvidas. Várias cabeças pensam melhor do que uma.

E o Partido, bom, eis a grande responsabilidade na execução de um novo projeto para a Juventude, dar condições e instrumentalidade, dar o respaldo necessário, possibilitando que a mesma seja de fato e verdadeiramente um órgão de cooperação, articulando, complementando e atuando nestas esferas que a cada dia são criadas a margem dos Partidos Políticos.

Complementarmente, entendo que devemos avançar no que se entende por militância de juventude, acredito que estaremos transformando a realidade político partidária, aliando-nos aos movimentos e organismos sociais, dos quais nos distanciamos, quando assinarmos um pacto para o desenvolvimento e a construção das diversas formas de lideranças (portanto não apenas a juventude, mas mulheres, sindicalistas, movimentos sociais, etc),

Sempre comunguei que a nossa juventude deveria atuar em diversas esferas, das quais outros organismos partidários carecem de atuação dado a verticalização hierárquica que os mesmos sofrem profundamente, exemplificando, as nossas ações devem focar conquistas verdadeiras e na obtenção de direitos, em sensível sintonia com nossas bancadas parlamentares, ou representantes nos executivos, incrementando de forma inegável um contingente bastante considerável de brasileiros e que ainda tem poucos ganhos no que tange as políticas públicas. Em fato recente, a Juventude mobilizou (praticamente no campo virtual) a articulação e a pressão política que redundaram na aprovação pelo Congresso da PEC da Juventude, uma conquista coletiva, mas eminentemente creditada a JPS.

Devemos avançar muito se falou da corroída forma dos Partidos Políticos, nesta mesma direção digo que o movimento estudantil também teve seu modelo exaurido, a máquina aparelhista com que se transformou entidades como UEE e UNE, a proposta da qual deveríamos defender é modificativa e de caráter revolucionário, abrirmos de forma ampla, radical e irrestrita a participação democráticas nestas estruturas, o acompanhamento sério e rigoroso em seus gastos, com envolvimento do Tribunal de Contas e Ministério Público, e acima de tudo, a permanente vigilância para que as entidades não sejam utilizadas como prolongamentos partidários.

Mas hoje, do jeito que existimos quanto organismo de Juventude, e as parcar condições partidárias, o trabalho até aqui desenvolvido, provém quase que exclusivamente da vontade e do brio de setores da juventude, digna de reconhecimento.

Pugna-se na Juventude Popular Socialista, uma nova relação entre Partido e sua Juventude, um ato grandioso dos jovens socialistas e que mereceria, no mínimo, uma profunda reflexão com vistas ao nosso XVII Congresso Nacional, até porque faz todo o sentido pautarmos essa discussão, dada a ampla citação sobre a Juventude e uma nova proposta partidária em diversos documentos publicados no nosso Fórum de Debates.

Elencando o documento político, surgido na importante (e única reunião da JPS), dada a nossa realidade, quer seja ela no aspecto estrutural, como do corrente campo cético entre os jovens militantes, sobre em qual grau suas contribuições se materializarão em propostas reais, naquela oportunidade, foram estabelecidas as principais defesas, sendo:

- Criação da Escola de formação Política Presidente Itamar Franco;
- Aprofundamento do caráter autônomo da Juventude, possibilitando o inerente ao dinamismo dos jovens;
- Um maior controle entre mandatários e direções com o intuito de fortalecer as linhas de defesas do partido junto à sociedade, que a bancada do PPS em todas as esferas defendam os interesses da coletividade partidária e não interesses personalistas e momentâneos dos mandatários. O mandato é do partido e o PPS que queremos construir não sede legenda baseado apenas em potencial eleitoral
- Uma maior transparência no uso das fontes financeiras do PPS, possibilitando, por exemplo, que tudo aquilo gasto com a rubrica JPS seja publicado para seus membros e sociedade em geral em uma ação de defesa da transparência e da ética, valores amplamente defendidos por nos;
- Participação de 5% do fundo partidário para desenvolver trabalhos com o seguimento de juventude, sendo o mesmo dividido em 2,5% para a Coordenação Nacional e 0,5% para as Coordenações Regionais, como uma demonstração real de que o PPS aposta na autonomia e no crescimento da atuação de sua juventude.


Centro de referencia na formação e construção de cidadania democrática
Por fim, Alberto Aggio defende que o PPS deve assumir uma política democrática e reformista para a sociedade política, isto é, para uma reorganização progressiva do Estado bem como para as instancias governamentais, em todos os seus âmbitos. O PPS deve se pensar como um partido que ambiciona cada vez mais a conquistar governos e participar deles: um partido democrático que empreenda uma ação vigorosa nas instâncias do Estado objetivando permanentemente a sua reforma pela ação parlamentar, sendo ao mesmo tempo, um partido de governo que expresse sua visão transformadora na perspectiva de uma sociedade cada vez mais democrática voltada para o bem comum.

Comungando com este mesmo ideário, e torcedor para a construção de uma nova realidade político partidária, devemos instaurar mecanismos de formação política, fortalecimento do exercício de cidadania, capacitação contínua dos agentes que co-participam das atividades dos mandatos do Partido, os próprios mandatários, enfim, aliando o conhecimento, a vivencia do exercício da práxis e a informação, portanto, exercendo a doutrina estabelecida na própria legislação dos partidos políticos, estaremos respondendo a algumas importantes demandas que hoje transbordam os partidos.

Do mesmo modo que o Partido Político, defendo que a estrutura de nossa Fundação seja modernizada, hoje, existem em nossos quadros novos pensadores, estudiosos e filósofos que poderiam contribuir mais ativamente para alcançarmos uma excelência na educação política. O salto quando vemos nos cursos de EAD possibilita uma maior interação aos que querem agregar conhecimento, mas devemos ousar mais, e nos propormos a estabelecer um marco histórico para que formemos um importante centro de referencia na formação e construção de cidadania.

Recentemente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso inaugurou uma importante ferramente virtual, o Observador Político, que tem um caráter de rede social e estimula o debate sobre temas diversos, propostos pelos próprios usuários, que podem gerenciar seus perfis e interagir com a opinião de outras pessoas. Nas palavras de FHC, a web “joga um papel grande” quando se propõe a ser um fórum de circulação de ideias e ideais políticos. Neste sentido, a qualidade da iniciativa e da tecnologia em questão é indiscutível. Vale a pena acessá-la.

Por uma nova e radical realidade partidária
“O primeiro desafio do Congresso do PPS é pensar um novo partido num mundo que, ao contrário de vinte anos atrás, presencia o enfraquecimento dos partidos de massa. Partidos perdem filiados rapidamente no mundo inteiro. Paralelamente, dependem cada vez menos de contribuições pessoais, de militantes, filiados e simpatizantes e cada vez mais de recursos públicos.

Nesse mundo, em que eleitores podem dispensar a intermediação dos partidos para fazer política, a organização partidária deve ser mais flexível. A relação direta com os movimentos sociais, por meio da filiação de suas lideranças, permanece relevante. No entanto, partidos precisam aprimorar sua capacidade de direção por meio da capacidade de diálogo, formulação, coleta das demandas e construção de confiança junto a esses movimentos. O novo partido que emerge é, principalmente, um partido da interlocução, um partido ponte que liga os movimentos sociais, as vozes das ruas e a institucionalidade democrática” – Roberto Freire.


Florianópolis, 31 de julho de 2011.

ALISSON LUIZ MICOSKI
PPS de Santa Catarina